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Cléophas
Mudita Ilunga
Contribuição
da Família na Gestão da Escola
Estudo
de caso: Escola Primária Completa 1º de Maio, Cidade de Inhambane
Mestrado
em Educação/Administração e Gestão Escolar
Universidade
Pedagógica
Maxixe
2016
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INTRODUÇÃO
O
presente trabalho, subordinado ao tema “Contribuição da Família na Gestão da Escola”,
é o resultado duma pesquisa realizada na Escola Primária Completa 1º de Maio da
cidade de Inhambane, no intuito de analisar os modos e as formas da
contribuição da família na gestão da escola. A pesquisa pretende apresentar os
diferentes modelos e formas de participação que nos auxiliem a perceber melhor
o enquadramento teórico da contribuição da família na gestão da escola;
demostrar, através da pesquisa do campo, a importância da contribuição da
família na gestão da escola; conhecer as estratégias para incentivar a família
a contribuir na gestão da escola e propor outras estratégias ou práticas que
dinamizem a contribuição da família na gestão da escola.
A
investigação que vem dar corpo ao tema fundamenta-se numa pesquisa de campo,
cuja metodologia é mista, baseada em questionário destinado a um grupo de
professores e ao órgão administrativo e uma entrevista destinada às famílias. Esta
metodologia possibilitou obter resultados concretos e fiáveis que levaram o
estudo a conclusões práticas.
O
processo de ensino e aprendizagem enfrenta vários problemas, entre os quais,
constatamos as dificuldades da família em contribuir na gestão da escola,
enquanto protagonista da educação dos filhos. Muitas vezes, a família relega as
suas responsabilidades à escola, ou seja, preocupa-se pouco, aliás dá pouco tempo em acompanhar a vida educativa
dos filhos envolvendo-se noutras actividades (pessoais, profissionais,
económicas, financeiras) que lhe faz
perder a atenção à educação dos próprios filhos. Basta matricular
os filhos, a família acha que já
terminou a sua missão ou responsabilidade. Assim, encontramo-nos
numa situação de demissão ou de desinteresse da família em relação a educação
dos filhos. A escola, por seu
lado, basta acolher o educando, não se preocupa em associar a sua família nas
diversas actividades ou na sua gestão, a não ser convocá-la quando houver uma
situação preocupante com o educando.
A
ausência da família na gestão da escola tem repercussões negativas no processo
de ensino e aprendizagem em termos da dedicação nos estudos da parte dos
educandos, do desempenho de professores e de resultados escolares, dado que é a
família que pode ajudar à escola a descobrir as dificuldades dos educandos, a
planificar juntos com a escola as actividades em prol da educação dos alunos,
decidir sobre os aspectos relevantes da educação e perspectivar o futuro
educativo dos mesmos.
Em função de todas as informações supra
anunciadas, deseja-se desenvolver uma pesquisa com a qual se anseie responder à
pergunta “De que forma a família pode contribuir na gestão da escola?”.
Para responder a esta pergunta, avançámos
os seguintes hipóteses: a família pode tomar parte nos diferentes órgãos da
gestão da escola e em tudo que envolve o processo de ensino e aprendizagem; a
família pode colaborar na elaboração do projecto educativo, no regulamento e
participar nas reuniões e outros encontros organizados pela escola, a família
pode desempenhar algumas tarefas ou responsabilidades na escola.
No
que tange à estrutura do trabalho, a nossa abordagem consta de quatro
capítulos. No primeiro capítulo,
procuramos apresentar as definições e termos essenciais usados no trabalho para
facilitar a compreensão do tema da pesquisa e os modelos teóricos que sustentam
o tema em estudo. No segundo capítulo, tratamos da construção duma escola
democrática aberta à comunidade educativa, que tem fundamento na Lei moçambicana.
No terceiro capítulo, tratamos da metodologia que usamos ao longo do trabalho
para tornar possível a pesquisa realizada. No quarto capítulo, apresentamos os
resultados obtidos no campo de pesquisa através do questionário e entrevista
dirigidos a um grupo de informante da EPC 1º de Maio e às famílias.
Apresentamos os resultados referentes aos órgãos de gestão da escola, as formas
em que as famílias contribuem na gestão da escola, a importância da
contribuição da família na gestão da escola e as estratégias para incentivar as
famílias a contribuírem na gestão da escola.
A
escolha deste tema resulta de dois aspectos fundamentais da nossa vida pessoal
e profissional. O primeiro tem que ver com a consciência do nosso percurso
profissional como educadores, percurso que exigiu a colaboração entre a família
e a escola no acto de educar. O segundo surge como consequência da nossa acção
pastoral que consiste em caminhar com as famílias ajudando-as e mostrando-lhes
o melhor caminho para educar os filhos. A escolha do tema relaciona-se também
com o facto de vermos nestas últimas décadas as transformações que se fazem
sentir na estrutura das famílias, transformações estas que afectam a estrutura
escolar e, consequentemente, modifica o processo de ensino e aprendizagem.
Achamos que a contribuição da família na gestão da escola poderá ajudar a
melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem e dar um impacto
positivo na educação dos filhos. Assim, a indispensabilidade da contribuição da
família na gestão da escola incitou-nos a reflectir com profundidade na
temática abordada nesta investigação, de modo a encontrar os pontos que unem a
família e a escola para que juntos se envolvam na gestão da mesma. Escolhemos
este tema para apoiar a ideia de que é com a família, coadjuvada pela escola,
que a criança cresce, desperta a sua curiosidade de conhecer o mundo e
desenvolve o desejo de aprender ainda mais. A escola por si só, não pode
conseguir educar os filhos por ter um conhecimento parcial destes. Optamos em
fazer o estudo numa escola primária, porque achamos que é neste nível de ensino
que se precisa mais a presença permanente da família para apoiar a criança que
ainda não tem nenhuma experiência escolar.
CAPÍTULO I
AGENTES EDUCATIVOS NA GESTÃO ESCOLAR
Neste capítulo, pretendemos fundamentar o tema
da nossa pesquisa, partindo da definição dos termos família,
escola, gestão da escola e processo de ensino e aprendizagem. Com base nas diversas abordagens ou modelos, iremos
tratar de alguns temas que mostrem as diferentes visões de vários autores
relativos ao tema desta pesquisa, que é a contribuição
da família na gestão da escola. Tendo em conta o objecto do nosso trabalho,
serão desenvolvidos os pontos seguintes: a complementaridade escola-família, as
formas e níveis de participação e a necessidade de promover a cultura da
contribuição na gestão da escola.
1.1. Família: conceito e função
O
uso do termo família é ambíguo. Isto significa que, pode ter significados muito
diferentes dependendo de como está sendo usado. Para percebermos o seu
verdadeiro sentido achamos melhor
defini-lo etimologicamente, dar um breve percurso evolutivo e defini-lo no
contexto africano.
1.1.1. Etimologia e o uso do termo “família”
A palavra família procede do latim famulus, que significa conjunto de
escravos e servidores que viviam sob o mesmo tecto, os domésticos (AAVV,
2001:280); esta palavra famulus, por
sua vez, provém do sânscrito faama-dháman,
(radical “dha”) que significa pôr,
pousar, assentar, estabelecer (MARTINEZ, 2007: 122). Nesta etimologia há ideia
de fixação e estabilidade. Esta ideia ligou-se a certos bens que, por isto
mesmo, chamam-se imóveis, sobressaindo dentre eles, o solo, a terra e a casa.
Assim, podemos definir a família como
Grupo social duradouro com base no
casamento e relacionamentos de sangue, exercendo influências hereditárias e
ambientais das principais dimensões sobre o recém-nascido. Via de regras, os
pais e seus filhos dependentes constituem a família. Como grupo primário, a
família com filhos é mantida em conjunto pelo parentesco e relações íntimas
marcadas por carinho, afeição e apoio, bem como pela partilha mútua em várias actividades
e interesses (PIKUNAS, 2009:68).
Na sua definição, Pikunas sublinha o aspecto
da descendência e da união do sangue como elementos essenciais para
conceitualizar a família, e mostra que é nela que a criança, desde o
nascimento, recebe dos pais, afeição, carinho e uma educação apropriada para a
integração na vida social. Neste sentido, podemos afirmar que a família é a
primeira e mais básica escola de socialidade dado que nela se aprende a
convivência com os outros e apresenta-se como lugar adequado para o crescimento
e a educação das novas gerações.
No
sentido jurídico, a família, é constituída pelas pessoas que se encontram
ligadas pelo casamento, pelo parentesco, pela afinidade e pela adopção (CAMPOS,
1997:27). Na mesma ordem de pensamento, a Lei da Família aprovada pela
Assembleia da República de Moçambique, em 25 de Agosto de 2004, nos artigos 1 e
2, diz que a família compreende todas as pessoas ligadas por vínculos de
parentesco, casamento, afinidade e adopção, e acrescenta, no Art. 5, que as
características das relações familiares são duradouras e permanentes e os
direitos familiares são pessoais, indispensáveis e irrenunciáveis.
Em
todas as definições, há sempre um elemento comum, que é a ideia de parentesco
por filiação e linhagem. Por isso, quando se pensa na família, pensa-se no
casamento, no parentesco, na afinidade e na adopção.
A
família não é, em si, uma pessoa jurídica, como a é uma empresa, porque não tem
interesses próprios. Quando a lei fala de bem da família, refere-se aos bens ou
aos interesses de todos membros. Nesse sentido, a família é um espaço para a
realização pessoal dos membros.
O
antropólogo Strauss apud Martinez (2007:122), sem negar a grande difusão do conceito
de família, critica a sua naturalidade e universalismo nestes termos:
podem existir, de
facto, sociedades que conformam as próprias estruturas familiares de forma
diferente. A família garante a protecção da actividade reprodutiva, a formação
de um centro gerador de afectos e o espaço da autoridade. O núcleo que nos
oferece a natureza, isto é, a mãe e os filhos, junto com a função de protegê-lo,
recebe expressões concretas diversificadas, segundo cada uma das culturas e dos
contextos históricos. Daí nascem os diversos tipos de família que encontramos
nas diversas áreas culturais e através dos tempos.
O autor mostra que a família é a asseguradora
da vida dos membros no concernente à sua protecção, educação, afeição, etc. É
ela que oferece o essencial para a sobrevivência e faz do indivíduo um homem.
Como asseguradora, a família é a garante da educação dos seus membros, tendo em
conta as exigências culturais da determinada sociedade. Portanto, “a família é
a primeira e mais básica das instituições sociais, sobretudo porque assegura a
renovação das gerações (o que, como é evidente, só pode ser assegurado por união
entre um homem e uma mulher)” (PATTO, 2013: 64).
Culturalmente, a família é um grupo tão importante cuja ausência
significa o desamparo da criança. Isto determina que, na ausência da família,
deva constituir-se um obrigo, que sirva de “família substituta”. Como avança Bock (2006:249), “a
criança ou o adolescente precisa de uma família substituta ou devem ser
abrigados em uma instituição que cumpra suas funções materna e paterna”. Deste
modo, ter família é um direito para a criança; é a família que responde
a todas as solicitações que tem que ver com a educação da criança. Na ausência
dos progenitores biológicos, outros membros da família (restrita ou alargada)
ou outras instituições devem desempenhar esta função da família. Assim, privar
a criança deste direito é privá-la de todos os contactos existenciais para a
construção da sua própria identidade como ser humano.
1.1.2. Breve
percurso evolutivo do termo “família”
Ao
longo do tempo, o termo “família” conheceu muitas transformações antes de ter o
significado que temos hoje. Segundo Martinez (2007), este termo foi criado na
Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos
latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também à escravidão legalizada.
Com
o tempo, a palavra família passa a referir-se, exclusivamente, às pessoas, e
entre estas, as que se unem por um laço de parentesco. A ideia de família,
portanto, remonta ao aparecimento do homem sobre a terra, constituindo-se num
facto natural, numa imposição da natureza. Assim, Murdock apud Martinez
(2007:122) considera fundamental o grupo composto por pai, mãe e filho
(nuclear, ou como se fosse um átomo), e mais outros agrupamentos maiores, da
mesma índole (como se fossem moléculas) para falar da família. Esta maneira de
considerar a família coincide com a concepção romana clássica que fala da
"família natural".
A
família é baseada no casamento e no vínculo de sangue. Deste modo, a família
natural tem que ver com o grupo restrito constituído apenas pelos cônjuges e
pelos seus filhos, e que tem o casamento como base fundamental.
1.1.3.
A família no contexto africano
Na concepção africana, não existe
uma família isolada. Todas as famílias são dependentes umas das outras. Alfane
(1996:17) mostra que “a família é o primeiro grupo que o indivíduo conhece logo
que nasce, no qual começa a integrar-se na vida comunitária. Segundo a
tradição, a família nuclear, constituída por mãe, pai e filhos, não forma um
grupo independente; é, sim, um entre vários membros da família alargada”.
Alfane faz-nos ver que a família é a
primeira estrutura que o indivíduo conhece e onde recebe a primeira educação. Os
membros que a constitui são ligados por laços que fazem com que todos permaneçam
unidos e sejam dependentes uns aos outros. Assim, os laços familiares vão da
família restrita até à família alargada. Neste sistema familiar, todos
concorrem para o bem da comunidade, e por isso, uma situação que afecta um dos
membros, envolve todos, e todos são responsáveis pela educação dos filhos. Por
esta razão, Marujo et al
(1998:10) defendem que a família deve ser compreendida numa acepção alargada
porque, cada vez que refere a mães e pais, estaremos não só a pensar em
progenitores biológicos, mas também em pais e mães adoptivos, em padrastos e
madrastas, em avós e avôs, em encarregados de educação, em educadores em geral.
A família é uma realidade muito
complexa, olhando para os membros que a constitui e os laços criados para as
relações que os unem. Limitar a família ao aspecto biológico seria diminuir a
sua abrangência.
Na nossa opinião, considera-se
família o ambiente que cuida dos filhos assim como de todos os membros que
vivem no mesmo seio, unidos ou não por laços de afinidade ou de sangue. Em
outras palavras, a família define-se fundamentalmente pela relação
interpessoal, e é constituída por um conjunto de relações interpessoais pelas
quais toda a pessoa fica inserida na família. As relações interpessoais na
família fazem dela uma comunidade de pessoas (VIDAL, 1991:266).
Um outro aspecto a considerar, no
entendimento que os africanos têm de família é a ligação mulher-casa e/ou
mulher-família. A mulher é, sempre, a casa e/ou família. Disso, resulta que
hoje as famílias se desagreguem pelo distanciamento da mulher em relação a
elas, na potenciação do poder económico. Aqui, há um apelo aos que conduzem a
sociedade, no sentido de se voltarem à solidificação das famílias.
O conceito de família, tal como
definido pelos autores referenciados, apresenta uma certa semelhança e
divergência. Converge no facto de considerar a família como lugar de
socialização ou educação dos filhos e diverge quanto à sua abrangência, dado
que alguns autores consideram a família no seu aspecto restrito, isto é,
considerando o aspecto hereditário, biológico ou da união de sangue; e outros,
consideram a família como sendo mais abrangente, isto é, não considerando
apenas o seu aspecto biológico. Mas como tal, não há uma contradição se
consideramos o termo no contexto em que se aplica. No contexto europeu por
exemplo, quando se trata de família, já se pensa em pai, mãe e filhos nascidos
do mesmo pai e mãe. Pelo contrário, falando do mesmo termo família na África,
em geral, ou em Moçambique, de forma particular, já não se pensa em pais e
filhos, mas sim, em todos, incluído, tios, primos, etc. Portanto, o paralelismo
forçado entre as línguas contribui em grande medida para a equivocidade do
termo família. Aqui o termo família é compreendido no contexto em que está
sendo usado.
1.2. Escola: origem, institucionalização e função
A escola, tal como se apresenta hoje, é o resultado de um longo
processo. Para a compreensão disto, ocupar-nos-emos com a sua origem e
institucionalização.
1.2.1. A origem do conceito
O vocábulo “escola” vem do grego “schola” que significa ócio, dedicado ao
estudo, ocupação literária ou lição. No sentido concreto, a mesma palavra “schola” ou “ludus”, em latim,
significa lugar onde se ensina (AAVV, 2001: 604). Portanto, escola é a
instituição onde se recebe ensinamento. Como instituição, a escola apareceu de
forma progressiva. Assim, com o aparecimento da linguagem escrita como forma de
comunicação sem fronteira, aprender a ler e escrever necessitou da presença dum
mestre (Pimenta at al, 1999: 89) para a transmissão dessa linguagem e
preparação dos jovens para desempenhar certas responsabilidades nos trabalhos.
Assim formados, os jovens tinham facilidade de compreender e interpretar o que
se devia fazer como tarefa.
1.2.2. Breve percurso evolutivo e institucionalização
da escola
A escola foi o resultado da divisão social do
trabalho dado que necessitava de formar especialistas e desenvolver novas
competências sociais básicas, que a família não podia assegurar por si própria
(Ibidem: 90). É desta maneira que as escolas, no princípio, educavam unicamente
as minorias que recebiam e precisavam de uma educação especializada. Os outros,
a massa do povo, não necessitavam dessa preparação especial (Ibidem). A escola
apareceu para satisfazer as demandas da sociedade e para a transmissão da
cultura de maneira formal, dado que esta acontece informalmente na família e em
outros ambientes.
Durante longos milénios, a educação como processo de interacção social
e socialização, sempre existiu. Realizou-se quase sempre fora da escola. A
família, a tribo ou o clã, as Igrejas, a profissão e o meio social em geral
assumiram a função de educar os jovens para a vida social. Todavia, desde muito
cedo na história também se encontram escolas destinadas a preparar os jovens
para objectivos específicos (PIRES, 2001:passim).
A escola nasceu para atender a uma certa
classe da sociedade e responder às necessidades de assegurar o trabalho. À
medida que aumentavam as demandas nos diversos sectores da vida da sociedade,
aumentava também a necessidade de formar pessoas para cobrir essas demandas.
Assim, a ideia da escola começou a se desenhar, mas organizadas ao lado das
igrejas e conventos. Só depois é que se expandiu a escola começando pela Europa
e, depois, avançou-se para o resto do mundo.
Até século XX, só nos países mais desenvolvidos do mundo foram abertas
as portas para todo o tipo de criança, embora já nos finais do século XIX, por
exemplo, quase todo o grupo etário correspondente ao ensino primário estava
escolarizado nos países europeus mais desenvolvidos [...]. Na Idade Média, as
escolas foram propriedades da Igreja católica. Esta organizou, nos conventos,
mosteiros e catedrais, a escola. Através destes, contribuiu bastante para que a
instituição escolar fosse um lugar para uma educação estruturada e transmissora
dos valores. A notar que a educação escolar só recentemente atingiu a dimensão
universal que hoje lhe é reconhecida (PIMENTA
at al,1999: 90).
1.2.3. A função da escola
Segundo Pimenta et al (1999:89), a escola como instituição, responde à necessidade
social de transmitir cultura, socializar o indivíduo e prepará-lo para
desempenhar um papel na sociedade. Assim, a escola é uma instituição social
básica vocacionada a satisfazer interesses e necessidades comuns.
Em idêntica posição se associa o pensamento de
Martins (1999:113), que confirma que “a escola é a instituição por meio da qual
é transmitida a herança social e, ao mesmo tempo, é responsável pelo
desenvolvimento de novos conhecimentos”.
Na perspectiva de Martins, a escola é
considerada como meio usado pela sociedade para a transmissão da cultura que constitui
a herança da sociedade. Esta herança é transmitida pela geração adulta à
geração jovem. É um pensamento que corresponde ao que acontece actualmente.
A
escola, com efeito, por meio da transmissão de conteúdos, incute uma nova
cultura aos alunos e ajuda-os a apropriar-se de todo o conhecimento que
adquirem, relacionando-o com a nova realidade.
A
educação adquirida na escola não é só para satisfazer as necessidades da
sociedade, mas também, e sobretudo, para humanizar o ser humano. Assim, como instituição educativa, a escola é um
ambiente educativo ao serviço da sociedade. A sua presença assegura a
continuidade da educação dos filhos. Por esta razão, há mesmo necessidade de a
escola estar em perfeita sintonia com a família.
A escola é um grupo social em que o professor realiza um trabalho de
superação das diversidades, reduzindo-as à unidade. Por meio do professor, o
aluno tem acesso à cultura formal, o que faz da escola um grupo intermediário
entre grupos primários, como a família e os grupos secundários. Na escola,
desenvolve-se um processo socializante que objectiva integrar o educando na
comunidade, recapitulando os resultados da experiência social, transmitindo-lhe
os padrões do grupo social e cultural a que pertence. Além disso, a escola é um
instrumento consciente de aperfeiçoamento social (MARTINS,1999: 49).
Para Martins, a escola é uma instituição destinada a socializar
o indivíduo, integrando-o na sociedade e transmitindo-lhe os padrões do grupo
social a que pertence. Esta transmissão da herança realizada na escola é feita
de forma diferente daquilo que é transmitida pela família. É por esta razão que
o autor trata a escola como sendo instrumento consciente de aperfeiçoamento
social, considerando a transmissão feita pela família de não consciente, dado
que, as crianças adquirem herança à base das experiências do dia-a-dia. Na
nossa opinião, achamos que, independentemente da metodologia, dos meios ou procedimentos
usados para transmitir a herança, quando bem adquirida e encarrada na vida do individuo,
não há problema. O importante é que a criança se identifique com a sua cultura.
Portanto, a transmissão da herança feita na família, como na escola, ajuda a
pessoa a se integrar na sociedade. A diferença é que a da escola é estruturada
e a da família, não.
Pimenta et al
(1999: 93) mostram também que fazem parte das funções da escola,
proporcionar conhecimentos e
desenvolver capacidades que permitam aos indivíduos adquirir as competências
básicas necessárias à sua vida de adultos e à sua integração numa sociedade em
mudança; transmitir a cultura, modelos de comportamento e normas sociais de
convivência a novas gerações para que estas as integrem e se integrem na
sociedade. Neste contexto, a prática educativa, na sua acepção mais ampla, e
através das suas mais diversas manifestações, é um instrumento privilegiado de
socialização.
O mesmo autor
mostra que, nas suas funções, a escola prepara o indivíduo para o presente e
sobretudo para o futuro. Assim, a escola deve preparar o indivíduo para que
seja um cidadão independente, crítico, criativo, responsável e participativo,
disposto a exercer os seus direitos e deveres como membro de uma sociedade
democrática e pluralista e capaz de assumir atitude favorável à educação permanente
e à formação contínua (Ibidem).
A escola é, com efeito, uma instituição que determina os valores e
padrões de uma sociedade, isto é, procura desenvolver hábitos de pensamento e
de acção necessários e aceites pela sociedade, incutir nos educandos o senso de
solidariedade social, do desenvolvimento do senso social e do modo de viver conforme
as exigências da sociedade.
Olhando numa outra perspectiva, Martins
considera que a escola não é responsável apenas pela transmissão cultural, pois
tem a função de promover o desenvolvimento global da personalidade do educando,
moldando sua motivação e capacitando-o a um bom desempenho social (Martins,1999:113).
Assim,
embora a família seja a primeira responsável e educadora das crianças, a escola,
através dos professores, é uma instituição potente para o veículo da cultura da
sociedade. Esse por que as duas instituições, escola e família, são parceiras
inseparáveis no “transporte” da cultura, que devem unir esforços, partilhar objectivos
e reconhecer a existência de um mesmo bem comum para os alunos. O divórcio
entre as duas parceiras pode criar um obstáculo que possa dificultar a união de
esforços e a partilha de objectivos com risco de criar graves prejuízos para os
alunos.
1.2.4. Gestão da escola
Segundo BUSS (2008), o termo “gestão” vem do
verbo latim “genere”, que significa fazer, exercer, executar,
administrar. Partindo da sua etimologia, vimos que a gestão implica uma acção
para um determinado objectivo. É uma acção que produz certos efeitos para o bem
de todos. Assim, o conceito de gestão escolar tem o significado de governo da
educação, entendido como acto de administrar a escola de forma colectiva e
evitando as práticas individuais da gestão (Ibidem). Este acto de administrar
ou exercer não é excludente, pelo contrário, inclui a todos. Assim, falar da
gestão da escola supõe a participação de todos.
Continuando nesta linha de raciocínio, Luck (2005:17)
mostra que “a gestão é a mobilização de talentos e esforços colectivamente
organizados, à acção construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho
associado, mediante reciprocidade que cria um todo orientado por uma vontade
colectiva”.
Na perspectiva de Luck, cada pessoa tem os
seus talentos, aptidões ou capacidades para realizar algo. Mas por si só, estes
talentos não podem produzir efeitos. Precisam de ser unidos a outros talentos e
serem mobilizados para poderem produzir acções. Em outras palavras, este
pensador quer mostrar que quando um trabalho é feito em conjunto produz
efeitos, o que é diferente do trabalho individual.
A gestão implica a união das forças ou a
colaboração de muitos para o bem de todos. Quando se trata de gestão, pensa-se
logo de como se pode operacionalizar ou organizar uma estrutura ou actividade.
Assim, a gestão da escola seria esta mobilização das habilidades e talentos dos
membros da comunidade escolar para potencializar e maximizar o trabalho que
leve a alcançar os objectivos previstos para a organização, tendo em conta que
estes membros tomam parte na decisão que envolve a organização. A gestão é a
democratização das tarefas e abertura para a participação de todos. É aqui onde
Luck mostra que
a gestão é orientada pelos princípios democráticos e é caracterizada
pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das
pessoas nas decisões sobre a orientação, organização e planeamento de seu
trabalho e articulação das várias dimensões e dos vários desdobramentos do seu
processo de implementação (LUCK, 2005:34).
Na perspectiva escolar, a gestão é a
participação de todos na planificação das actividades, na tomada de decisões e
no envolvimento de todos nas áreas onde se precisa este envolvimento. É neste
sentido que Paro considera que
a participação da
comunidade na escola é, além de ser um direito, uma necessidade do bom ensino
sendo por isso preciso que a estrutura da escola seja tal que, não apenas
permita, mas também facilite e estimule essa participação, seja na execução de
actividades que os próprios usuários consideram legítimas, seja nas tomadas de
decisões previstas nas normas e mecanismos internos de participação (PARO, 2011,
219).
Nesta
perspectiva, percebe-se que há necessidade de integração de todos os membros
que compõem a comunidade escolar para uma gestão efectiva.
1.3.
O processo de ensino e aprendizagem
Segundo alguns autores, ensino e aprendizagem são duas acções que vão juntas. Freire, por exemplo, diz que
não existe ensino que não seja ligado à aprendizagem. Educar alguém é um
processo dialógico, um intercâmbio constante. Nessa relação, educador e educando trocam de papéis o tempo inteiro: o educando aprende
ao mesmo tempo que ensina seu educador e o educador ensina e aprende com seu educando
(FREIRE apud RIBEIRO, 2010). Nesta perspectiva,
professor e aluno são dois agentes no processo contínuo de descoberta. A
aprendizagem é um processo contínuo de troca de experiência entre professor e
aluno. Neste processo todos aprendem mas a níveis diferentes. Existe um adágio
que diz: “aquele que ensina, aprende duas vezes”. Isto significa que à medida
que o professor ensina , também aprende. Neste caso, concordamos com pensamento
de Freire que mostra que, ao ensinar, o professor aprende com o seu aluno.
Nérici (1991:
161) oferece-nos uma definição por cada palavra. Para ele, “o ensino pode ser entendido
como forma de levar o educando a reagir a certos estímulos, a fim de serem
alcançados determinados objectivos”. Nesta definição, o ensino não está
associado ao professor que ensina o aluno. Aqui o professor orienta a aquisição
do conhecimento do aluno. Este conhecimento irá se revelar na mudança do
comportamento.
A aprendizagem,
por sua vez, “é o processo pelo qual se adquirem novas formas de comportamento
ou se modificam formas anteriores” (NÉRICI, 1991: 163). A aprendizagem
portanto, tem que ver com a modificação de comportamento, ou seja, é uma
actividade que leva o educando a adquirir um conhecimento que vai se revelar na
mudança de comportamento. Em outros termos, a aprendizagem é um processo
durante o qual se adquirem competências, habilidades, conhecimentos e valores. No
mesmo tempo que há aquisição, há também modificação, que resulta do estudo ou
experiência adquirida. Assim, na escola, a aprendizagem depende do ambiente,
das intenções, das interacções e de modo como se adquire este comportamento. A
escola, portanto, desempenha um papel importante nesse processo de mudança do
comportamento do aluno. Mas sozinha não pode conseguir isso, ela necessita de
ajuda da família para conseguir alcançar os objectivos.
a aprendizagem na escola pode ser
principal e secundária: a principal é aquela representada pela intenção do
professor ou pelos objectivos consignados nos planos de ensino; a secundária ou
concomitante, representada pelo que o aluno aprende além do que estava previsto
ou programado, como simpatia ou antipatia com o professor, agrado ou desagrado
pela matéria, etc. (Ibidem).
A aprendizagem,
na linha do pensamento de Nérici, é um processo que envolve a actividade do professor,
relacionada com o que está plasmado no plano de ensino, de modo a alcançar os
objectivos previstos para o efeito, e do aluno que aprende, além do
planificado, outras aprendizagens que podemos considerar de “ocultos”, dado que
não dependerem do professor, e o aluno adquirir de forma inconsciente. No
entanto, como elemento relacionado à educação, a aprendizagem deve ser
orientada numa direcção para desenvolver certos comportamentos positivos que
irão ajudar o aluno. Por esta razão, a aprendizagem deverá ser orientada para
motivar o educando a adquirir conhecimento que possa modificar o seu
comportamento. Para isso, precisa de conhecer o educando na sua complexidade
(social, cultural, afectiva, entre outras). Este conhecimento da complexidade
do educando só pode ser possível se a família e a escola tiverem a mesma
linguagem. Isto significa que o processo de ensino e aprendizagem é muito
complexo e envolve muitos elementos para ser completo. Neste processo, todos
(professor, aluno, família e comunidade) devem ser envolvidos e unir esforços para
levar a termo a educação dos alunos.
1.4. Complementaridade família-escola
A questão de relação entre família e
escola é um assunto que preocupa toda a nossa sociedade. O envolvimento da
família na vida escolar é visto como o ponto crucial para o desempenho positivo
das escolas e dos educandos. Por isso, muitos pesquisadores e autores tratam
este assunto com muita atenção. Assim, a família passa a ser considerada como
elemento-chave que contribui para o sucesso do processo de ensino e
aprendizagem.
As pesquisas realizadas por
vários autores mostram a pertinência do envolvimento da família na escola. Este
envolvimento cria uma mudança positiva na atitude para com a escola, não só da
parte das crianças, mas também da família em geral. Bastiani apud Bhering & Blatchford (1999), por
exemplo, afirma que o envolvimento de pais com a escola passou a ser
considerado nos últimos anos como uma preocupação necessária e legítima e não
pode ser mais uma opção extra que as escolas poderiam ou não ter.
A ideia deste autor faz-nos
entender que dantes, o envolvimento da família na vida escolar dos filhos não era
uma preocupação para que ocorresse bem o processo de ensino e aprendizagem, mas
hoje este envolvimento passa a ser uma preocupação necessária, e não pode ser ignorada, dado que é legítimo e
influencia todo processo educativo. Em
outras palavras, o envolvimento da família na vida escolar é uma “obrigação”,
porque, hoje, a escola não pode trabalhar sozinha sem envolver a família na sua
missão de educar. Isto significa que os dois agentes, são gestores da vida dos
educandos.
Para
percebermos as possibilidades de relação entre família e escola, refiramo-nos aos
trabalhos dos pesquisadores que se dedicaram no desenvolvimento de modelos que
auxiliaram na compreensão do tema. São eles, Espstein, Hornby e Bhering &
Siraj-Blatchford.
1.4.1.
Modelo das “esferas sobrepostas”
Epstein, com o seu modelo teórico
denominado “esferas sobrepostas” ganhou confiança na literatura sobre as
relações entre família e escola. Este modelo explica como é que as duas
instituições devem conjugar para potencializar o processo de ensino e
aprendizagem. O modelo de esferas sobrepostas, privilegia a cooperação e a
complementaridade entre a escola e a família, e encoraja a comunicação e
colaboração entre estas duas instituições (EPSTEIN apud BHERING & BLATCHFORD, 1999).
Trata-se de um modelo
apresentado em forma de um diagrama, que retrata a relação escola-família,
englobando todos esses pontos, e, ainda, acrescenta a contribuição de cada
parte desta relação. As "esferas sobrepostas" (the overlapping
spheres) representam a família e a escola atuando em favor da criança (Ibidem).
Assim, o modelo apresenta as três forças A, B e C como sendo independentes e
dependentes ao mesmo tempo porque devem trabalhar juntas para a educação das
crianças. Este modelo é considerado como a partilha das tarefas e
responsabilidades entres a família e a escola.
Fonte: Epstein apud Bhering & Blatchford (1999)
Um outro modelo
que nos ajuda a compreender a relação família-escola é o Modelo das Pirâmides
invertidas proposto por Hornby apud Bhering & Nez (2002).
Este modelo consiste em duas
pirâmides: uma, representando a hierarquia das necessidades dos pais, e outra,
a hierarquia de suas habilidades e possíveis contribuições. Ambas as pirâmides
demonstram os diferentes níveis das necessidades e habilidades dos pais (HORNBY
apud BHERING & NEZ,
2002).
Os pais, por um lado, ao mandar os
filhos à escola, têm uma certa preocupação e querem a todo o custo alcançar
aquilo que pretendem para seus filhos. Por outro lado, estes pais podem ter
vontade de ajudar, mas por ter uma certa limitação, não conseguem fazer tudo, e
fazem o que está ao seu alcance, ficando o resto para a escola. Por isso, o
modelo mostra que enquanto todos os pais têm algumas necessidades e habilidades
que podem ser utilizadas, outros podem se envolver em actividades que demandam
mais tempo e mais aptidão da parte dos profissionais; um número menor deles tem
uma necessidade intensa de orientação, ou, por outro lado, a capacidade de
contribuir extensamente e em muitas coisas diferentes (Ibidem).
Figura
2. Modelo das Pirâmides invertidas
Tempo do profissional habilidades
profissionais
|
Alguns
|
Apoio e acolhimento
|
|
Muitos
|
Educação e oficina /pais
|
|
Maioria
|
Ligações entre instituições e reuniões
pais/professor
|
|
Todos
|
|
|
|
Informações sobre interesse e habilidades das
crianças
|
|
Maioria
|
Colaboração e apoio em lição de casa
|
|
Muitos
|
Recursos e ajudas em sala de aula
|
|
Alguns
|
Política – parte legal e associação de pais e
mestres
|
Tempo dos pais habilidades
dos pais
Potencial dos pais
Fonte: Hornby
apud Bhering &Nez (2002)
No pensamento destes autores
ressalta a ideia de que existem muitos pais que se preocupam com a vida escolar
dos filhos e que têm também possibilidades de ajudar a escola, se colocarem as
suas habilidades ao serviço da mesma. Com efeito, os pais são uma riqueza para
a escola. Com as suas aptidões, eles podem ajudar em diferentes sectores ou
áreas de gestão da escola sem que a escola precise ainda uma outra ajuda
externa. Esta participação na gestão da escola revela-se necessário e importante
porque as potencialidades que elas têm, unidas às da escola podem ser uma força
para que ocorre bem o processo educativo.
1.4.3. Modelo
de “transporte”
O “modelo de
transporte”, elaborado por Bhering, põe em relevo três elementos (comunicação,
envolvimento e ajuda) a partir dos quais se cria um sistema de transportes,
onde ilustrara de forma metafórica, através de ilhas e navios, a dinâmica de
trocas e negociações entre pais e escola. Dentro deste sistema de troca de
negociações, a comunicação é considerada como meio que possibilita as
interacções entre estes dois agentes educativos (BHERING
e BLATCHFORD, 2002:4). Neste modelo o autor mostra que, entre escola e família
deve haver um sistema de comunicação que viabilize a sua relação. Só com isso é
que a educação pode ser possível. Assim, a família deveria contribuir com as
suas potencialidades (ideia, propostas, etc.) à vida da escola, para que em
conjunto, consigam materializar os objectivos que são comuns.
Em suma, os três modelos
apresentados mostram como entre a família e a escola deve haver uma
colaboração, sublinhando que ambas as partes têm possibilidade de dar o seu
apoio e ajuda, tendo em conta as habilidades ou potencialidades que cada um
tem.
Há muitos trabalhos que foram
feitos em favor da contribuição/participação ou envolvimento da família na
escola e, todos chegam à conclusão de que é muito importante que a família e a
escola trabalhem em colaboração para o bem dos alunos. O nosso trabalho não se
afasta daquilo que já foi dito, mas, sim, focaliza-se sobre as interacções das
duas instituições na gestão da escola mostrando como a família pode contribuir
eficazmente na gestão da escola se esta lhe oferecer espaço para tal. A escola,
portanto, tem uma grande responsabilidade de incluir a família na sua
gestão.
1.5. Formas e níveis de participação da família
Pesquisas de vários autores
mostram que a participação da família na escola é um processo que ocorre de
várias formas e em diferentes níveis, tendo em conta o tipo de liderança
escolar e da maneira de considerar e fazer participar os envolvidos na gestão da
escola. Portanto, a participação da família na escola está intimamente ligada
com o tipo de relação que existe entre a escola e a família, que alguns autores
falam em termos da política de aproximação da família, da atitude da escola em
relação à família, do ambiente que se vive na escola e das acções feitas em
conjunto como factores para incentivar esta participação. Assim, segundo a
tipologia de Paterman (apud AFONSO, 1993) existem três formas de participação:
a pseudo-participação, participação parcial e a participação total.
Na
pseudo-participação, os participantes não têm qualquer poder para influenciar
as decisões a tomar; a sua participação reduz-se a aceitarem as decisões que já
foram tomadas pelos que têm o poder de decidir (Ibidem, 138), isto é, os
gestores da escola.
Na
participação parcial, embora o poder de decidir esteja mantido nas mãos dos
dirigentes ou gestores, os participantes têm o espaço e a capacidade de
influenciar as decisões desses directores ou gestores (Ibidem).
Na
participação total, cada participante tem a mesma capacidade para influenciar
as decisões a tomar (Ibidem).
O poder não está nas mãos dum indivíduo ou duma instituição. Aqui todos os
membros que constituem a comunidade escolar (as famílias, a escola, a
comunidade local e outros organismos envolvidos na gestão da escola) têm a
mesma capacidade de influenciar nas decisões.
A
participação na escola é uma realidade complexa no momento em que nem todos
participam da mesma forma. Isto significa que, a família pode estar presente em
todas as reuniões organizadas pela escola mas sem ter nenhuma palavra sobre o
que se decide. A sua participação limita-se em concordar com as decisões ou com
aquilo que já foi definido e decidido pela escola. É o que Paterman trata de
pseudo-participação. Mas quando a família tem a possibilidade de influenciar
nas decisões com as suas opiniões ou propostas, mesmo que o poder de decisão
esteja nas mãos da escola, trata-se de participação parcial. Neste tipo de
participação, as opiniões ou propostas podem ser ou não aceites pela escola,
porque é ela que decide. Quando a escola e a família têm os mesmos direitos e
poder de decidir, trata-se de participação total.
Na
mesma ordem de ideias, Lima (1998:183-189) apresenta as formas de participação
em termo de modelo baseado em quatro critérios: democraticidade,
regulamentação, envolvimento e orientação.
A
democraticidade representa uma forma de limitar certos tipos de poder e de
superar certas formas de governo, garantindo a expressão de diferentes
interesses e projectos com expressão na organização e a sua concorrência
democrática em termos de influência no processo de tomada de decisões (Lima, 1998:
182). Este critério explica-nos que há possibilidade de limitar certos tipos de
poder e superar certas formas de governo para que a organização tenha uma
gestão democrática e que todos os membros participem no processo de tomada de
decisão. Assim, há categorias de intervenção na tomada de decisão. A intervenção
ou participação pode ser directa ou indirecta.
A
intervenção é directa quando cada indivíduo dentro dos critérios democráticos
estabelecidos intervém directamente na tomada de decisões (Ibidem). Numa
organização democrática, em princípio, os direitos dos membros estão bem
estabelecidos, o que faz com que, perante uma decisão para tomar, todos gozem
deste direito e participem na tomada de decisão pessoalmente (Ibidem, 184).
Assim, podemos dizer que a intervenção directa dá direito ou possibilita a
qualquer indivíduo a participar e intervir directamente no processo de decisão.
Nas instituições escolares democráticas, o critério democrático aplica-se nas
assembleias gerais da escola, quando se precisa, por exemplo, de escolher os
membros do conselho da escola. Aqui todos têm o direito de voto para escolher a
pessoa que acham certa para o cargo. Assim, este direito a voto é um direito
concedido, reconhecido e estabelecido no regulamento que rege a escola.
A
intervenção é indirecta quando a participação se realiza por intermédio de
representantes designados para o efeito (Ibidem).
Aqui não são todos que participam na tomada de decisão de forma directa. A
participação é feita por via dos representantes designados para esse fim. Mais concretamente,
esta prática acontece nas escolas onde existem os conselhos da escola. Nestes
conselhos, não são todas as famílias que participam nos conselhos, mas sim,
alguns membros escolhidos pela comunidade. Estes intervêm na tomada de decisões
por direito. Porém, este direito é exercido em nome da comunidade ou das
famílias. Assim, a tomada de decisões é feita de forma indirecta pela
comunidade ou famílias, uma vez que estão representados por estes membros.
No
critério do envolvimento, Lima considera as atitudes e empenhamento variável
dos actores face às suas possibilidades de participação na organização (Ibidem:
185). Assim, a maneira de participar na gestão duma organização varia segundo
as atitudes pessoais e as possibilidades que se oferecem para o efeito. Este
envolvimento pode assumir as formas de participação activa, passiva ou
reservada.
A
participação é activa quando existe um elevado envolvimento na organização (Lima,
1998: 185). Na perspectiva do autor, existem níveis e graus do envolvimento nas
actividades realizadas dentro da organização. Quando o grau é elevado significa
que os actores participam de forma activa. Da mesma forma, podemos considerar
os graus de participação das famílias na gestão da escola quando, por exemplo,
as famílias têm interesse para se envolverem na vida escolar mostrando-se
disponíveis com a sua presença nas reuniões, ou na sua intervenção em opiniões,
propostas ou mesmo desempenhando algum papel relacionado com a gestão da
escola.
A
participação passiva caracteriza atitudes e comportamentos de desinteresse e de
alheamento (Ibidem: 188). Neste tipo de participação, o autor mostra que os
actores não manifestam nenhum interesse à vida da escola, ou seja, não querem
saber nada da escola. Este tipo de participação corresponde ao que acontece
muitas vezes nas escolas. Existem famílias que não sabem nada da gestão da
escola ou da vida dos seus próprios filhos na escola. Elas vão matricular os
filhos e não acompanham o processo educativo. Abandonam os filhos nas mãos da
escola e não querem saber se estes estudam ou não, têm dificuldades ou não,
etc. Aqui a família é alheia a tudo o que acontece na escola. Portanto, a
participação é passiva na medida em que há falta do interesse e há também
alheamento na vida escolar.
A
participação reservada pode se traduzir como sendo o ponto intermédio entre a
participação activa e passiva (Ibidem: 188). Isto significa que os membros
participam quando poderem ou quando têm tempo. Esta participação não pode ser
considerada activa, porque nem sempre a família está presente na vida escolar,
nem passiva, porque nem sempre está ausente, mas pode intervir ou dar as suas
propostas de forma esporádica.
O
critério de regulamentação analisa a participação tendo como base as regras que
regulam a organização e legitimam a participação de todos os actores. Pode
assumir os tipos de participação formal, não formal e informal (Ibidem: 183-189).
Assim, este critério refere-se às normas que orientam a maneira como os actores
podem actuar na organização.
A
participação formal, é uma forma de participação decretada, no sentido em que
está sujeita a um corpo de regras formais-legais relativamente estável,
explicitado e organizado, estruturado de forma sistemática e consubstanciado
num documento com força legal (LIMA, 1998:185). Assim, é uma participação
reconhecida e estipulada na lei. Esta participação tem uma força na actuação
porque está bem estruturada e sistematizada.
A
participação não formal é realizada tomando predominantemente como base um
conjunto de regras menos estruturadas formalmente, geralmente constantes de
documentos produzidos no âmbito da organização e em que, portanto, a
intervenção dos actores na própria produção de regras organizacionais para a
participação poder ser maior (LIMA, 1998:186).
Deste
modo, é uma participação não legal, isto é, não tem nenhum documento
reconhecido de forma legal, o que a torna menos estruturada, embora reconhecida
pelos membros da organização e com muita influência sobre a organização.
Participação
informal é realizada por referência a regras informais, não estruturadas
formalmente, produzidas na organização e geralmente partilhadas em pequenos
grupos (Ibidem: 189). É assim, a forma oculta da participação. Aqui os actores
agem fora das leis estabelecidas mas com muito poder de influência. Portanto, é
exigível que a instituição escolar tenha o poder de acompanhar todos os grupos
informais que se criam à sua volta, para que não ponham em causa a gestão escolar.
No
critério de orientação, a participação assume duas vertentes: convergente e
divergente.
A participação é
convergente quando as pessoas se identificam, na generalidade, com os
objectivos formais da organização e de uma forma mais consensual, colaboram, de
forma empenhada, na consecução das metas estabelecidas ou apenas “ceder lugar”
à ritualização e ao formalismo, assumindo-se, dessa forma, como obstáculo a
inovação (LIMA, 1998:189).
Neste tipo de participação, os actores
identificam-se nos objectivos estabelecidos pela organização, ou seja,
identificam-se com aquilo que a organização definiu, e colaboram nas
actividades de forma consensual de modo a alcançar as metas previstas pela organização.
A transposição disto para a organização escolar gera a participação convergente
na gestão escolar.
A
participação é divergente quando os actores não conseguem se enquadrar naquilo
que é considerado como objectivos formais da organização e adoptam posições
diferentes (Ibidem:189). Estas posições podem ser vistas como uma contestação, ou simplesmente
como ideias diferentes mas indispensáveis para o bem da instituição. Portanto,
a participação é divergente quando os actores têm uma posição diferente à da
organização. Isto significa que, os objectivos não reflectem o que eles
esperam. Perante uma tal realidade as reacções dos actores podem ser de
contestação por não reflectir os seus anseios, mas também pode ser que, os
objectivos da organização sejam mal definidos e que as opiniões dos actores
sejam indispensáveis para a vida da organização. A mesma situação pode
acontecer na gestão escolar. A escola pode definir certos objectivos que sejam
diferentes ou contrários naquilo que a comunidade espera. Isso vai ser um
motivo de contestação. Entretanto, a posição da comunidade pode ser positiva e
aproveitável para uma boa gestão escolar. Neste caso, vai precisar do bom senso
dos gestores para conciliar as duas realidades de modo a favorecer uma gestão
onde todos se identifiquem.
1.6.
A necessidade de promover a cultura da contribuição na gestão da escola
A
contribuição da família na gestão da escola pode ser considerada como valor se ela
mesma valoriza aquilo que faz, isto é, trabalha com consciência e com objectivo
de ajudar a escola a crescer e a ter uma boa reputação. Da mesma forma, a escola
deverá valorizar a presença da família e oferecer-lhe espaço para actuar de
maneira efectiva. É nesta perspectiva que Teixeira (1995) considera que “a participação
terá de ser assumida por inteiro, como cultura, como orientação estratégica da
acção”. A cultura é uma coisa adquirida e depois dessa aquisição, fica gravada
para sempre na vida do homem. Assim, se a participação da família se torna
cultura, então vai ser uma prática quotidiana e vai fazer parte da vida da
família.
Na
mesma linha de raciocínio, Teixeira defende que a
cultura participativa é uma condição para que os encarregados façam parte de
uma mesma comunidade educativa, de modo a ampliar a representação qualificada
para integrar as estruturas de decisão (Ibidem). Trata-se da reconstrução da
escola como espaço público, para ajudar a reflectir sobre estratégias na qual
as famílias interiorizam a escola como espaço que lhes pertence (NÓVOA, 2001).
Na
perspectiva do autor, a escola deve ser considerada como lugar onde os actores
educativos podem se reunir para reflectir sobre como as famílias podem ter a
consciência de que a escola é sua propriedade, ou seja, um bem pertencente à
sociedade.
Na
realidade, a escola é um espaço que ajuda a abrir horizontes sobre as
realidades da sociedade, do mundo, da cultura, etc. Restruturar a escola para
ajudar a reflectir sobre as estratégias para ter consciência de que a escola
pertença à família pode ser uma maneira para despertar as famílias do seu papel
como responsável e educador. No entanto, esta consciência já está presente em
cada um. Precisa apenas de um estímulos para accionar as famílias a ter cultura
de participar na gestão da escola. É nesta perspectiva que Marques (2001) desenvolve
uma lista de práticas exemplares para a promoção da participação na escola e
implementação de uma cultura participativa, nomeadamente,
a valorização da
criação de um clima organizacional aberto, o conhecimento da realidade das
famílias, a existência de uma comunicação contínua, positiva e horizontal, a
abertura dos órgãos de gestão para dialogar
com os pais, a organização actualizada de informação relevante (administrativa,
pedagógica e social), a manutenção de reuniões periódicas, a participação
directa dos encarregados de educação e das associações de pais em actividades
lectivas ou voluntárias e a organização de programa de formação de pais.
Conforme
o autor, estas práticas são uma maneira de promover a cultura de participação na
gestão da escola. Porém, a cultura de participação deve ser um processo de
consciencialização das famílias. No processo da mudança da cultura pode
acontecer uma certa resistência por ser uma nova cultura. Tirar as famílias da
antiga cultura significa acompanhá-las a perceber de que é importante que
participem na vida escolar. Por esta razão o autor mostra que, neste processo
de inculcar uma nova cultura, a escola deverá conhecer a realidade das famílias
e ter um diálogo aberto para com ela, abrir as portas para encontros/reuniões e
lhe incentivar a participar tanto nas reuniões organizadas pela escola quanto nas
organizadas pelas associações de pais. Na nossa opinião, a participação das
famílias na gestão escolar, deve ser a prioridade das prioridades que a escola
pode promover dentro das suas possibilidades. Uma vez conseguir transmitir a
cultura de participação, o resto do envolvimento das famílias fica facilitado.
Aliás, a escola não terá que forçar as famílias a participar na gestão da
escola, isto é, tudo irá acontecer com toda a naturalidade.
Ao
longo deste capítulo vimos que a escola e a família são duas entidades
responsáveis pela educação das crianças. Com base nas abordagens de diferentes
autores, chegamos à conclusão de que a contribuição da família na gestão escolar
é a chave para o sucesso educativo. Neste sentido, a escola tem o papel
fundamental e constitui o ponto principal das interacções com a família. O seu
papel consiste em aproximar a família para que contribua na gestão escolar.
Concluindo, pode-se dizer que apesar de
apresentar vários modelos de participação das famílias na gestão da escola, não
existe um modelo ideal, isto é, um modelo que se deve copiar e aplicar a todas
as escolas. Só existem modelos inspiradores para a situação concreta de cada
escola. Este vai depender da realidade do ambiente em que se vive e onde a
escola está inserida. Para materializar isto, incumbe a escola promover as
políticas ou estratégias que favorecem a aproximação das famílias à escola. As
famílias, com certeza, têm possibilidades de contribuir na gestão da escola se
esta última permitir e variar as modalidades da contribuição.
Vejamos,
a seguir, o capítulo que trata da construção da escola democrática, onde todos
os membros da comunidade escolar são considerados protagonistas da educação das
crianças, com poder na tomada de decisão.
CAPÍTULO II
A CONSTRUÇÃO DUMA
ESCOLA DEMOCRÁTICA
O presente capítulo trata da
gestão democrática da escola. Falando disso, pretendemos mostrar que a gestão
democrática é o modelo da gestão que considera a família como instituição
ligada à escola, e que, a sua contribuição é de grande importância. Fazem parte
deste capítulo os seguintes temas: a gestão democrática e a participação
da família, a autonomia e a descentralização da gestão escolar, o enquadramento
legal da contribuição da família na gestão da escola em Moçambique, a
importância da parceria família-escola e o impacto pedagógico da presença da família
na escola.
2.1. Gestão democrática da escola e participação
da família
No
passado, a participação da família na gestão da escola não era uma preocupação,
dado que foi concebida a ideia de que o trabalho da educação era para família e
a da instrução para a escola. Assim, quando a criança ia à escola, a família
ficava tranquila, distanciando-se das suas responsabilidades. Mas, hoje em dia,
com as pesquisas feitas, viu-se que a participação da família na educação
escolar dos filhos é muito importante para o aluno, a escola e a própria
família. Como a família já está ligada à educação dos filhos, a escola deve ter
uma abertura na sua maneira de trabalhar, ou seja, deve envolver a família na
gestão. Assim, a gestão democrática pode ser considerada como meio pelo qual
todos os segmentos que compõem o processo educativo participam da definição dos
rumos que a escola deve imprimir à educação de maneira a efectivar essas
decisões num processo contínuo de avaliação de suas acções (SILVA, 2007: 34). A
característica principal da gestão democrática é, segundo o autor, a
participação de toda a comunidade educativa na definição dos objectivos educativos
onde se acha plasmada a política para a educação dos alunos.
A
gestão escolar democrática, portanto, é uma maneira de gerir a escola de forma
aberta, participativa e transparente, ou seja, é aquela forma que promove o
envolvimento de todos para o bem de todos. Nesta forma de gestão não existem
sujeitos activos e passivos. Todos estão no mesmo patamar quanto à sua
participação.
2.1.1. As
responsabilidades partilhadas
A
gestão democrática exige a colaboração entre os actores e a partilha de
responsabilidades para o bom funcionamento da organização escolar. As
responsabilidades são consideradas aqui como meio que incentiva os membros da
comunidade escolar a contribuírem de forma eficiente na gestão desta
organização. Por palavras alternativas, “a realização das responsabilidades da
escola são responsabilidades de todos” (LUCK, 2005: 97 ). Isto significa que, o trabalho que a escola realiza
não é apenas para ela, mas, sim, para toda a comunidade. Assim, no intuito de favorecer
o bom funcionamento da escola e dar a oportunidade a todos os membros da
comunidade educativa de participar na gestão, as tarefas e funções devem ser
partilhadas. Esta partilha não significa divisão de poderes, mas unificação das
forças. É neste sentido que a escola deverá partilhar as suas responsabilidades
com a família para facilitar a gestão da escola que necessita da presença da
família para alcançar os seus objectivos.
Se
a prática democrática deve envolver a instituição escolar por inteiro, é certo
que a organização da escola deve ser de modo a favorecer tal prática
democrática, possibilitando a participação de todos na tomada de decisão (PARO,
2010:68). Aliás, a escola deve organizar-se de modo a envolver toda a
comunidade escolar no exercício das responsabilidades e na tomada de decisões.
Só desta forma é que a prática democrática pode ser enraizada na instituição
escolar. Isto significa envolver todos (famílias, alunos, professores,
funcionários e outras pessoas da comunidade) na gestão escolar. Este modo de
proceder tem implicações positivas no sentido de, uma vez tomada uma decisão em
conjunto, a possibilidade de a decisão dar certo é maior, dado que todos são
corresponsabilizados em partilhar as consequências (positiva ou negativa) que
podem resultar.
A contribuição da família na gestão
da escola não se limita unicamente à partilha de responsabilidades ou tomada de
decisões. Ampliando a sua área de actuação, Chalita (2004: 47) considera que
além da tomada de decisões, a gestão democrática implica identificar problemas,
acompanhar acções, controlar, fiscalizar e avaliar resultados. Isso pressupõe a
ampliação da participação das pessoas nessa gestão, isso significa que a
participação não pode se resumir aos processos de tomada de decisões.
A
gestão democrática estende-se a todas as acções relacionadas com o processo
educativo, incluído a tomada de decisão. Mas, esta última não pode ser
considerada como o resumo ou o cúmulo da gestão democrática. Caso contrário,
seria reduzir a sua abrangência. A participação democrática, no entanto,
pressupõe acções que regulam, fiscalizam e avaliam todo o processo educativo
com a participação de toda a comunidade escolar. Deste modo, a participação da
família na gestão da escola é a chave para o sucesso de qualquer actividade na
escola.
Arnaldo (1969: 115) mostra que “é de maior importância
a participação dos pais na comunidade e organização escolar, a fim de que a
complexa tarefa de educar se faça homogeneamente, através do esforço integrado
da família e da escola”.
Arnaldo apresenta uma posição favorável no
concernente à participação da família na gestão da escola, porque, segundo ele,
esta participação ajuda a uniformizar a educação que decorre graças ao esforço
integrado dos actores educativos. De facto, para que haja uma boa gestão da
escola e/ou uniformizar ou homogeneizar a educação, precisa que família e
escola trabalhem em colaboração. O trabalho feito em colaboração facilita o
comprimento das tarefas.
2.1.2. A contribuição da família nas áreas
curriculares
A participação da família nas diversas actividades
organizadas pela escola alimenta o espírito colaborativo, que faz com que todos
os actores se disponibilizem a contribuir de forma eficiente na gestão da
escola. Assim,
a família pode participar na selecção de materiais curriculares, na
apresentação de propostas de temas a explorar (em conjunto, por alunos, pais e
professores), nas áreas disciplinares, transdisciplinares e de complemento
curricular, na participação da definição dos critérios que permitem determinar
aquilo em que consiste um desempenho de sucesso, em áreas do currículo cuja
concepção e planificação tenha contado com a sua intervenção (LIMA, 2002: 150).
Como se nota, o autor enumera muitas áreas em
que a família pode intervir. Conhecendo as necessidades das crianças, a família
pode ser uma ajuda na selecção de materiais curriculares, na proposta de alguns
temas de interesse que podem ser explorados, e noutras actividades onde a sua
intervenção pode ser útil. Assim, a família, pelo conhecimento particular que
tem dos seus educandos, é um dos elementos fundamentais, mas nem sempre
valorizados no desenvolvimento do currículo.
Sem entrar em contradição com a ideia de Lima, Brannam apresenta uma outra maneira de a família contribuir na gestão
curricular. Para ele, além de tudo que se pode fazer, a promoção da informação
é muito importante. No entanto, a família pode também
Proporcionar informação sobre as necessidades especiais dos alunos;
transmitir informação sobre o comportamento do aluno; dar a conhecer as suas
ideias sobre a educação do aluno e a sua relação com planos futuros de
aprendizagem; organizar visitas familiares de estudo com um interesse
curricular; colocar os seus conhecimentos e habilidades especiais à disposição
da escola; etc. (BRENNAM apud PACHECO, 2001: 98).
A família como a escola tem todo interesse de
trocar informação entre elas para poder acompanhar o processo educativo.
Vivendo com as crianças, a família consegue descobrir o comportamento, as
atitudes, os talentos e outras dificuldades das crianças. Do mesmo modo, o
pouco tempo que os alunos vivem na escola dá para os professores conhecer
alguns aspectos da vida dos alunos. Neste sentido, no quadro da gestão
compartilhada, ambas as partes devem trocar as informações sobre as realidades
dos alunos. Assim, a família coloca à disposição da escola a vida dos alunos e
vice-versa.
Na
mesma ordem do pensamento, Robeiro admite que a extensão da intervenção da
família na gestão da escola seja efectivo. Assim, a família pode ser associada
a trabalhar nos assuntos como
a
progressão/retenção dos alunos, as regras de disciplina a vigorar na escola, o
cumprimento dos programas por parte dos professores, o regulamento de faltas, a
organização interna da escola (por exemplo, a organização do currículo, a
composição das turmas, o calendário escolar, as actividades de complemento
curricular), a nomeação, controlo e avaliação do pessoal docente, na avaliação de desempenho e na progressão de
carreira (Robeiro apud Lima, 2002: 150).
O
autor mostra que a intervenção da família na vida escolar pode ser útil em
diferentes assuntos relacionados com o processo educativo. Deste modo, pode
trabalhar em matéria relacionada com a vida académica dos alunos como a
progressão ou retenção dos alunos, as regras de disciplina e a organização
interna da escola. Também, pode trabalhar na matéria relacionada com os
professores como por exemplo, a nomeação, avaliação do desempenho e a
progressão na carreira dos professores.
Na
verdade, a família pode trabalhar nas diferentes áreas como o autor sugeriu.
Porém, na nossa realidade, existem áreas onde a família não tem acesso ou
direito de intervenção, uma vez que não está estipulado no regulamento que rege
as escolas; outrossim, há áreas reservadas aos órgãos superiores, por exemplo,
a nomeação de professores, a avaliação de
desempenho e a progressão de carreira, entre outros. Portanto, tudo depende do
tipo de escola. Quando se trata duma escola pública onde as directrizes são bem
definidas e tudo está legalizado, esta proposta não vai funcionar. Mas, se a
escola for comunitária, onde a família tem todo poder de gestão, a proposta é
aplicável. Portanto, a intervenção da família pode ser efectiva, onde as
condições permitirem. Porém, reconhecemos, segundo as palavras de Libâneo
(2013:97) que, “a exigência da participação da família na organização e gestão
da escola corresponde às novas formas de relações entre escola, sociedade e
trabalho, que repercutem na escola nas práticas de descentralização, autonomia
e corresponsabilização”.
2.2. Autonomia e descentralização da gestão escolar
A
autonomia é definida como a faculdade das pessoas de autogovernar-se, de
decidir sobre o próprio destino (MARTINS, 2002:97). Nesta perspectiva, pode-se
dizer que a autonomia é a liberdade ou independência de realizar certos actos
de forma livre e sem uma pressão externa.
No
quadro escolar, a autonomia pode ser definida como a faculdade que uma unidade
escolar tem de decidir sobre o seu destino, isto é, ter a liberdade de elaborar
o seu projecto educativo, o seu regulamento interno, elaborar o seu plano de
actividade, e planificar as actividades, etc. Desta forma, qualquer escola
precisa duma autonomia para poder trabalhar de forma livre e realizar os seus
projectos sem que haja uma imposição ou pressão externa. Para que isso aconteça,
a escola deve ser independente de outros poderes para ter a verdadeira
autonomia de decidir. É dessa forma que a escola pode desenhar o seu próprio
caminho, incluindo, nela, todos os agentes educativos para serem corresponsáveis
pelo êxito da instituição.
A
autonomia é um processo que exige uma determinação da parte dos envolvidos e a
disposição para a sua implementação. No entanto, a comunidade escolar constitui
uma força que pode enfrentar o desafio da autonomia. É esta comunidade escolar
que deve definir os seus objectivos, programar as actividades, gerir os
recursos e decidir sobre matérias relevantes ligadas à escola. Em outras
palavras, é a comunidade escolar que deve gerir a escola. Neste caso, não é a
escola que decide, mas sim, a comunidade escolar. Só desta maneira é que se
pode falar da autonomia escolar.
O
princípio da autonomia escolar requer o vínculo mais estreito com a comunidade
educativa, basicamente os pais, as entidades e organizações paralelas à escola
(LIBÂNEO, 2013: 120). O autor mostra que a autonomia está estreitamente ligada
à comunidade educativa e outras organizações que trabalham no âmbito educacional,
como UNICEF e outros.
Na sua actuação, a autonomia deve
ser abrangente, ou seja não se limitar ao nível administrativo, mas sim, estender-se
ao nível pedagógico, com intuito de melhorar a prática educativa.
A autonomia escolar, portanto, é uma
forma da emancipação escolar. No passado, a escola não tinha nenhuma autonomia,
porque não havia liberdade de contextualizar o ensino no sentido de escolher os
conteúdos, métodos ou procedimentos. A escola dependia daquilo que tinha sido elaborado
a nível central, e, neste caso, não havia espaço para as famílias contribuírem
na elaboração dos projectos educativos. Mas, hoje em dia, a participação da
família é incontornável para falar da autonomia escolar.
A
gestão democrática da instituição escolar considera a autonomia como
descentralização do poder de decisão e unificação de esforço para potencializar
o processo educativo. Assim, podemos considerar que “a descentralização é uma
tomada de decisão compartilhada” (LUCK, 2006: 99). Nesta perspectiva, descentralizar
é conceder o mesmo poder de decisão a outros membros, ou seja, trabalhar em
conjunto considerando que todos têm os mesmos direitos na tomada de decisões.
O processo de
tomada de decisão pode estar assente num grau de centralização e descentralização
dependendo de maneira como os gestores da organização concentram a autoridade
para tomar as decisões. A centralização constitui uma maneira de os gestores
controlarem o processo de tomada de decisão e excluírem dele os vários
intervenientes ao processo. Já na tomada de decisão descentralizada os membros
são envolvidos, consultados e as suas opiniões são levadas em consideração no
momento em que as decisões são tomadas, resultando deste modo decisões livres e
diferenciadas (CHIAVENATO apud IBRAIM & MACHADO, 2014:8).
A
gestão da escola exige que esta se descarregue do cúmulo das funções, tais
como, a tomada de decisão, definição das políticas escolares, etc., para ser
partilhada com outros membros da comunidade.
Na
perspectiva de descentralização da gestão escolar, a escola pode, por exemplo, pensar
em criar um conselho da escola que tenha autoridade nas deliberações e
decisões, na criação de comissões de recursos financeiros da escola, que tenha
também autonomia na escolha de professores para determinada classe, dado que
nem todos os professores têm capacidade de ensinar em todas as classes. Ainda
se pode pensar na existência de escolas comunitárias onde o governo apareça como
um simples agente fiscalizador. Só desta forma é que a comunidade/família poderá
ter o direito total na gestão da escola.
A autonomia da escola relaciona-se
com a participação dos membros na definição dos objectivos da organização e na
tomada de decisões para concretizar certas acções importantes da organização. Neste
aspecto,
Libâneo mostra que
a
participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola.
Além disso, proporciona um melhor conhecimento dos objectivos e metas, da
estrutura organizacional e da sua dinâmica, das relações da escola com a
comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais (LIBÂNEO
apud SANTOS, 2001: 29).
Na
óptica deste autor, a participação está ligada à autonomia concebida como
capacidade de conduzir a sua própria vida. A escola, portanto, é autónoma, dado
que tem possibilidade de realizar actividades de forma livre em conjunto com a
família e outras entidades. A sua autonomia opõe-se às outras formas de gestão centradas
no gestor. Aqui, a gestão é colectiva, democrática e participativa. O que
concretiza isto é a sua liberdade de elaboração do projecto educativo. Este
instrumento mostra de forma concreta como a escola goza da sua autonomia, isto é,
faz participar as famílias na sua elaboração e implementação.
2.3. Enquadramento legal da contribuição da
família na gestão da escola em Moçambique
Neste ponto, queremos falar da
legitimidade do envolvimento da família na gestão da escola, isto é, mostrar
que a contribuição da família na gestão da escola é legal, reconhecida e
recomendada pela instância mais alta da sociedade moçambicana, que é o Estado.
Este reconhecimento é o princípio da democracia escolar.
Em Moçambique, o envolvimento da
comunidade externa nas escolas não foi notado no tempo colonial, dado que o
sistema naquela altura não dava o espaço para tal. De acordo com a pesquisa
realizada por Ibraimo & Machado (2014:1), o envolvimento da comunidade
externa nas escolas verifica-se após a independência, quando as primeiras
experiências de participação dos pais e encarregados de educação começam a se
fazer sentir através das comissões de pais e de ligação escola-comunidade
(CLEC).
Desde a instauração do sistema
escolar em Moçambique, todo o processo educacional estava nas mãos do
colonizador e foi ele que se encarregava do acompanhamento dos educandos.
Segundo os autores, a comunidade externa, que eram as famílias, não tinham nada
a fazer na escola, o colonizador não abria o espaço para isso, e as famílias
não sabiam que podiam se aproximar da escola para a devida colaboração. As
famílias começaram a despertar no período pós-independência. Nesse sentido,
vimos que no tempo colonial o povo era considerado como um povo sem
consciência, sem experiência e sem opinião no concernente à educação escolar dos filhos, porque o
sistema educativo foi considerado como um círculo fechado, onde o colonizador
era o único patrão da escola. Portanto, o tempo colonial era um bloqueio ou
impedimento para o povo moçambicano ter consciência da sua responsabilidade
para a educação escolar dos filhos. Aliás, na nossa opinião, a consciência de
acompanhar a vida escolar dos filhos existia no povo, mas é o sistema que não
favorecia ou não dava esta oportunidade. Dizemos isso, porque, logo após a
saída do colonizador, começou já a tentativa de as famílias se envolverem na
vida escolar através das CLEC. Isso significa que, a saída do colonizador era
um alívio para o povo moçambicano e a inauguração duma nova etapa do sistema
escolar que reconhece o lugar da família e o seu papel na gestão da escola.
2.3.1.
Lei nº 4/83 e a ligação família-escola
O nº 1 do Art. 88 Da
Constituição da República (CR) mostra que “a educação na República de
Moçambique constitui direito e dever de cada cidadão”. Do mesmo modo, o Art 1
da Lei nº 4/83 do Sistema Nacional de Educação (SNE), reforça a ideia anterior
ao dizer que a educação é um direito e um dever de todo o cidadão, o que se
traduz na igualdade de oportunidades de acesso a todos os níveis de ensino e na
educação permanente e sistemática de todo o povo. Portanto, todo cidadão tem
direito a uma educação, independentemente do tipo de família onde nasceu ou do
lugar onde vive.
Partindo destes princípios
básicos, o Art 120, alínea 2 e 3 da CR diz que a família tem direito e dever de
educar os seus filhos, e defende a cooperação ou colaboração entre o Estado e a
família no que concerne à educação, nestes termos:
·
A
família é responsável pelo crescimento harmonioso da criança e educa as novas
gerações nos valores morais, éticos e sociais;
·
A
família e o Estado asseguram a educação da criança, formando-a nos valores da
unidade nacional, no amor à pátria, na igualdade de género, no respeito e na
solidariedade social.
A Lei nº4/83 de 23 de Maio, do
SNE, estipula que
o
sistema nacional de educação deve se orientar por princípios de ligação
estreita entre a escola e a comunidade, em que a escola actua como centro de
dinamização do desenvolvimento sócio-económico e cultural da comunidade e
recebe desta a orientação necessária para a realização de um ensino e formação
que respondam às exigências da edificação socialista no país.
Portanto, é um sistema ao
serviço do regime. Aliás, todo o sistema da educação deve estar sempre ao
serviço do ideal societário em construção: para o capitalismo, em sociedades
capitalistas; para o socialismo, em sociedades que adoptem o socialismo; para a
democracia, em sociedades pluralistas, etc. contudo, em qualquer sociedade,
deve se cultivar o primado da vida e da convivência pacífica entre os membros.
Tanto o Art 120 da Constituição
como a Lei nº 4/83, sublinham um aspecto que reconhece um certo poder à sociedade/família:
a Constituição concede de forma explícita à família o direito da educação dos
filhos; a Lei 4/83 mostra que deve haver uma ligação entre o que o SNE prevê e
a comunidade.
2.3.2.
A Lei nº 6/92 e a presença da família na
educação escolar dos filhos
A Lei nº 6/92, de 6 de Maio,
veio reforçar o que já foi estipulado no Art 120 da constituição e na Lei nº
4/83, concernente à presença da família na educação dos filhos, preconizando
deste modo, a participação de outras entidades, incluindo comunitárias, cooperativas,
empresariais e privadas na gestão do processo educativo e incentivando uma
maior ligação entre a comunidade e a escola. É neste âmbito que surgiu a
necessidade de abertura da escola às comunidades, e é nestas circunstâncias que
os conselhos de escola nasceram através do Diploma Ministerial nº 54/2003, de
28 de Maio, que, no contexto da descentralização administrativa, procura criar
maior flexibilidade nos processos de tomada de decisão através duma gestão
participativa (IBRAIMO & MACHADO, 2014:1). Nesta gestão, são todos os
membros da comunidade educativa que fazem parte, conforme referido na Lei nº
6/92.
Para reforçar a Lei acima
referida, o Plano Estratégico da Educação (PEE 2012-2016) tem como grandes
desafios,
garantir
a todas as crianças, em idade escolar, o acesso à educação, melhorar a
qualidade do ensino e reforçar a capacidade institucional. Para que estes e
outros desafios se materializem, é necessário o envolvimento de todos, de forma
activa e organizada, na vida da escola, nomeadamente, a Direcção da escola, a
família, a comunidade, os professores, os alunos e outras associações (MINEDH,
2015:7).
Conforme
os modelos de participação da família na gestão da escola acima referidos, foi
dito que há várias maneiras de a família contribuir na gestão da escola.
Inspirando-se neles, vimos que existem mecanismos que podem garantir e
concretizar a participação da família, tais como a constituição do Conselho da
Escola (CE), as Associações de Pais e Encarregados da Educação (APEE), o
Conselho de Turma (CT) e a elaboração e implementação do Projecto Político
Pedagógico da escola (PPP), entre outros. Nestes conselhos ou associações, as
famílias podem contribuir de forma eficaz. Mas importa-nos dizer que a
existência destes conselhos ou associação não implica de forma categórica a
participação activa das mesmas na gestão. Será imprescindível que os gestores
sejam muito activos para os incentivar a tomar consciência da sua colaboração
para alcançar a qualidade de ensino.
2.3.3. Contribuição
da família no conselho da escola
O
conselho da escola pode ser considerado como uma nova etapa na concepção da
gestão da da escola, dado que actua em conjunto com a Direcção da escola,
enfrentando juntos problemas e tomando decisões nos diversos âmbitos:
pedagógico, administrativo e financeiro. Assim, os membros do conselho
participam, não como observadores da gestão escolar, mas sim, como
corresponsáveis na tarefa educativa. Em outros termos, o conselho da escola é a
via pela qual a família se envolve na gestão da escola.
O
Art. 9 do Regulamento Geral do Ensino Básico (RGEB), mostra que CE é um órgão
máximo do estabelecimento e tem como funções ajustar as directrizes e metas
estabelecidas, a nível central e local, à realidade da escola; garantir a
gestão democrática, solidária e co-responsável.
Na mesma óptica, o MINED (2003)
instituiu a CE como órgão executivo e máximo da escola, pois todas as
actividades a serem realizadas na escola devem ser analisadas e aprovadas pelos
membros do conselho e, sem tal aprovação, elas não acontecem. Deste órgão,
fazem parte, o director da escola, os representantes dos professores, os
representantes dos alunos, os representantes do pessoal técnico administrativo,
os representantes dos pais e/ou encarregados de educação e os representantes da
comunidade (MEC, 2008: 15). A participação destes na vida da escola é
importante para garantir a gestão participativa e transparente, o bom
aproveitamento escolar, o bom desempenho dos professores, a participação activa
dos pais no acompanhamento do desempenho dos seus educandos e avaliação permanente
da escola (MINEDH, 2015:9).
Dalmás adverte que ao nível da
escola todos são chamados a contribuir na resolução dos problemas, e que, o
conselho da escola, como um órgão que integra não apenas os actores internos,
como também a comunidade, deve ser um espaço onde todos têm a possibilidade de
poder expressar os seus posicionamentos (DALMÁS, 2001:8).
A ideia de Dalmás é que toda a
comunidade escolar (famílias, professores, alunos, etc.) se disponibilize a
contribuir na gestão da escola e, acha que, o conselho da escola é o espaço
favorável para esta contribuição. Aliás, é neste conselho que a comunidade pode
apresentar as suas opiniões e dar a sua posição sobre os diferentes aspectos da
gestão escolar.
A escola é propriedade da
comunidade, e, como tal, é a comunidade que faz a sua gestão. A presença da
família pode ser considerada como uma presença fiscalizadora, dado que, já a
escola não pode decidir sozinha sobre o plano educativo nem gerir fundos sem o
avale deste conselho. No entanto, a família vigia a escola por intermédio do
conselho da escola e delibera só o que achar benéfico para a escola e para o
bem dos educandos. Percebe-se já que a função básica do conselho da escola é a de
descentralizar e democratizar na escola as relações de poder. A sua
participação nas decisões importantes tomadas pela escola já não é qualquer
participação, mas sim, um mecanismo para promover a gestão democrática na
escola.
O Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano (MINEDH, 2015: 7) assegura que
a
participação activa e construtiva da comunidade, dos pais e/ou encarregados de
educação, através do conselho da escola, na tomada de decisões, pode melhorar
as infra-estruturas, o equipamento e o ambiente escolar e promover o sucesso
escolar, pois o seu envolvimento está positivamente ligado aos resultados dos
alunos.
No entanto, a participação
efectiva da comunidade, na gestão da escola, deva ser de forma organizada e
regida por documentos normativos (Ibidem). Apoiando a ideia, achamos que, se a
família participar na gestão sem um documento que legitima esta participação e
orienta a maneira como a família deve intervir ou como a escola deve oferecer o
espaço, pode haver conflitos que nunca vão acabar. A família, com as suas
potencialidades pode ser uma grande ajuda à escola. Porém, tudo deve ser
estruturado. O CE, portanto, é um órgão ao serviço da comunidade, dado que as escolas são propriedades da
comunidade e, por isso, impõe-se-lhes uma participação activa e democrática na
sua gestão. Como toda a sociedade não fica representada nas escolas, é por via
do CE que ela faz a gestão. Portanto, o CE é uma forma organizada de seguir
passo a passo a vida da escola e
garantir, ao mesmo tempo, a participação da comunidade na gestão do seu
património que é a escola.
O CE tem as suas atribuições que envolvem o ambiente escolar
propriamente dito e atribuições voltadas para a participação da comunidade mais
ampla. Porém, deve-se destacar que o exercício dessas atribuições não se opõe à
autonomia da escola, nem devem os conselhos escolares se tornar um grupo de
“oposição” à direccão das escolas (STERN, 2003: 32).
A constituição do CE é para ajudar a escola a
caminhar e alcançar os seus objectivos. Em outras palavras, CE é um outro braço
da escola. Ele deve andar junto com a escola não em oposição com ela. Achamos
que o CE e a escola são uma e única coisa, e, por isso, não podem ser consideradas
como se fossem duas instâncias de gestão separadas.
2.3.4. Contribuição da família no conselho de Turma
O conselho de Turma é um outro espaço onde a
família pode contribuir eficazmente. Este conselho é um órgão que contempla a
organização, acompanhamento e avaliação da aprendizagem e comportamento dos
alunos, elaborando estratégias para o sucesso educativo e escolar dos alunos
(RGEB, art. 31). Conforme o estipulado, o CT é constituído por todos os
professores da turma, pelos representantes dos alunos (chefe e adjunto chefe),
pelo representante dos pais e encarregados de educação dos alunos da turma.
É na actuação do CT onde a família tem um
grande papel. No Art 32 do Regulamento em referência, apresentam-se as
competências do CT:
Definir critérios de actuação no início do ano; definir estratégias de
educação e flexibilidade curricular; colaborar em actividades culturais
desportivas que envolvem os alunos e a comunidade, integrada no plano anual de
actividades; elaborar e avaliar o plano de actividades da turma em articulação
com o previsto no plano anual de actividades da escola; promover acções que
estimulem o envolvimento dos pais e encarregados de educação no percurso
escolar dos seus educandos; detectar dificuldades no ritmo de aprendizagem dos
alunos e propor estratégias de superação; analisar situação de nível
disciplinar ocorridas com alunos da turma e estabelecer as medidas educativas
que julgar mais adequadas; decidir relativamente a situação que implique a
retenção do aluno no mesmo ano e colaborar com o director de turma na
elaboração dos respectivos relatório e plano de apoio específico.
O Art 32 do RGEB apresenta as actividades e
competências que se incumbem ao CT, assim como as áreas da sua actuação.
Olhando para as competências ligadas a este conselho, vimos que a família tem
um papel importante na gestão da escola, e, de forma concreta, precisa de um
grande apoio da comunidade escolar para cumprir com êxito a sua tarefa.
Portanto, a presença da família por intermédio dos seus representantes no CT é
importante porque neste conselho a família pode contribuir com as suas ideias
nos vários aspectos da gestão da escola.
2.3.5. Papel das associações dos pais e encarregados
da educação na gestão da escola
As associações dos pais e encarregados de
educação (APEE) são órgãos que funcionam junto à escola para dar maior força à
gestão escolar. O artigo 8 do RGEB mostra que as comissões e/ou Associações de
pais ou de ligação escola-comunidade são órgãos de apoio ao funcionamento do
CE. Estes órgãos têm a função de identificar os problemas que requeiram
participação comunitária e promover a sua resolução em coordenação com os pais
e/ou encarregados de educação.
As associações funcionam como auxiliares do
conselho escolar na identificação de situações que necessitam a participação da
família. As associações funcionam de forma independente, mas colaborando de
forma estreita na gestão da escola, dar a sua contribuição na identificação e
resolução de problemas que poderão surgir na escola. Por isso, a sua presença é
para contribuir no bom funcionamento das escolas, e,
também, para o sucesso educativo dos alunos em colaboração com outras entidades
responsáveis pela qualidade da educação. Esta é a finalidade das associações
nas escolas. Da mesma forma, como no conselho da escola, as APEE deverão
colaborar nas definições das directrizes e políticas educativas.
2.3.6.
Contribuição da família na elaboração do projecto
educativo
O projecto educativo (PE) é
um
documento pedagógico que, elaborado com a participação da comunidade educativa,
estabelece a identidade própria de cada escola através da adequação do quadro
legal em vigor à sua situação concreta, apresenta o modelo geral de organização
e os objectivos pretendidos pela instituição e, enquanto instrumento de gestão,
é ponto de referência orientador na coerência e unidade da acção educativa
(COSTA apud PACHECO, 2001: 90).
O autor considera que o PE é um
documento elaborado pela comunidade educativa. Este documento apresenta a
imagem da escola, as suas projecções e os objectivos que pretende alcançar. Em
outros termos, o PE é o documento orientador da vida duma unidade escolar.
Como se pode notar, o PE, reflecte a
identidade da escola e aquilo que se pretende atingir durante um certo período.
Este documento tem uma força por ser fruto de esforço da comunidade educativa.
Em outras palavras, o PE é o resultado do trabalho feito em colaboração entre a
família e a escola.
Para a elaboração dum PE precisa que
a escola tenha informação suficiente sobre as necessidades da comunidade onde
está inserida para poder lidar os objectivos da escola à realidade da
sociedade.
A notar que, a elaboração de um projecto
educativo não representa um problema ou uma solução técnica mas uma tentativa
de implicação de uma comunidade educativa: professores, alunos, encarregados de
educação, etc. (PACHECO, 2001: 91) que procura realizar a sua missão de
participar na gestão da escola. Com efeito, a presença da família nos órgãos de
gestão da escola dá vida às escolas e também favorece a aprendizagem dos
alunos.
O fundamento da contribuição
da família na gestão da escola ou a sua participação nos órgãos da gestão da
escola é legitimado pelo Estado, que, ao aceitar que a escola abra as portas à família/comunidade,
está a legitimar a sua autoridade no sistema escolar. Neste sentido,
confirmamos que a própria legislação moçambicana proclamou de
forma oficial a responsabilidade da família na educação escolar dos filhos,
validando assim o valor que lhe tem sido consignado há muito tempo noutros
contextos da vida social, nomeadamente, a transmissão de valore.
2.4. Impacto pedagógico da contribuição da família
na gestão da escola
O impacto pedagógico refere-se aos resultados pedagógicos
que a contribuição da família pode trazer na vida dos alunos. Aliás, os
resultados não se limitam unicamente ao nível dos alunos, mas afectam também a
família e a escola.
Nos alunos, o envolvimento parental conduz
a uma maior motivação, a mais aproveitamento escolar e a um melhor
comportamento disciplinar. Nos pais, verifica-se uma melhoria da sua
auto-estima e o acesso a informação que lhes é útil para orientar os filhos; nos
professores, o envolvimento parental pode tornar o seu trabalho mais facilitado
e bem-sucedido, além de mais, bem visto, porque compreendido pelos pais (Lima,
2002:288).
O envolvimento da família, segundo Lima, é uma
grande motivação para os educandos, dado que, modifica o seu comportamento e
incentiva-os a se entregarem muito nos estudos. Além disso, a família recupera
a sua responsabilidade ou função de educadora, e assim, o trabalho dos
professores é facilitado. Na mesma ordem de ideias, Paiva (2012: 205) observa
que a presença da família na vida escolar dos filhos aumenta a motivação e a
responsabilidade destes. O aluno que sente esta boa comunicação e relação
escola-família será um aluno mais dedicado, mais corresponsabilizado pelos seus
actos e responsabilidades.
A contribuição da família, de facto, é uma
acção que pode transformar muita coisa na educação. A sua falta pode criar uma
certa insuficiência no processo educativo, porque cada parte tem a sua
experiência, o seu conhecimento e a sua maneira de pensar sobre os diferentes
aspectos da educação. Assim, aproximando-se da escola, a família pode favorecer
uma certa tomada de consciência e impelir os envolvidos (professores, alunos) a
aumentar mais o seu modo de trabalhar.
Apoiando a ideia, Ebersole apud Lemmer (2006:141)
acrescenta que “diante da colaboração das famílias no processo educativo dos
seus filhos, nota-se que os alunos aprendem mais, os professores sentem-se mais
realizados e os pais sentem-se melhor com os seus filhos e consigo mesmos”. Neste
pensamento de Ebersole, nota-se um elemento importante, o de os alunos
aprenderem mais e os professores sentirem-se realizados. A presença da família
é um incentivo psicológica nas crianças. O efeito de ver a família na escola
motiva as crianças a trabalhar ainda mais. Para os professores é uma honra,
porque se sentem valorizados com o trabalho que realizam.
Importa aqui realçar que, a contribuição da
família na gestão da escola culmina sempre no sucesso escolar, embora um caso
particular possa dizer o contrário. No entanto, esta interacção não deve se
limitar a acompanhar a criança na escola ou participar nas reuniões da abertura do ano lectivo ou de encerramento escolar. Uma
verdadeira contribuição é a troca de impressões, de experiências e a preparação
em conjunto das actividades educativas.
Parafraseando
Romão (apud Libâneo, 2013:120), a contribuição da família na gestão da escola
tem várias outras implicações, dado que influencia muito na tomada de decisões
sobre alguns aspectos importantes que têm que ver com a educação dos filhos,
tal como a preparação e elaboração do projecto pedagógico, avaliar a qualidade
dos serviços prestados pela escola, perspectivar o futuro educacional e não só.
Esta participação é uma maneira de usufruir da vivência das práticas
democráticas da gestão, desenvolvendo, desta forma, atitudes e habilidades para
participar de outras instâncias decisórias no âmbito da sociedade civil e
contribuindo para o aumento da capacidade de fiscalização da sociedade civil
sobre a execução da política educacional.
A
contribuição da família, além de produzir efeitos na escola, desenvolve outras
atitudes e habilidades nos envolvidos e habilita-lhes a participarem noutras
instâncias de decisão que não sejam de âmbito escolar. Portanto, o envolvimento
das famílias, além de influenciar o rendimento escolar dos filhos é importante
para a vida social do indivíduo.
2.5.
Importância da parceria família-escola
Antigamente,
as tarefas educacionais da família e escola eram muito claras, isto é, a tarefa
da escola era a educação académica/escolar, que outros chamam de “instrução”,
enquanto a da família era a educação doméstica. Neste sentido, a escola não
podia esperar da família senão o cuidado físico e emocional para dar a este filho
a possibilidade de chegar à escola para receber a instrução. Hoje, o cenário é
outro: as tarefas familiares auxiliam as escolas, e por isso, cada escola
engajará activamente pais e famílias em uma parceria que apoiará o trabalho
académico das crianças em casa e a tomada de decisão educacional compartilhada
na escola (CARVALHO, 2000:143).
A
perspectiva de Carvalho mostra que a escola deve ser protagonista em aproximar
as famílias para se engajarem na gestão escolar. Deve fazer tudo de modo a
criar uma parceria com a família para que esta apoie a escola em ajudar as
crianças em casa e a participar na tomada de decisões na escola.
Entre
a escola e a família, deve existir uma parceria para que a educação dos
educandos seja completa. Faz parte dos deveres da escola aproximar as famílias
a colaborar na gestão, mas também, as famílias devem se disponibilizar para
apoiar a escola. Quando faltam estas duas vontades torna-se difícil criar uma
parceria entre as duas entidades. Assim, a parceria entre escola e família
torna-se muito importante para o desenvolvimento e crescimento dos educandos em
sua formação/vida escolar, no contexto de suas realizações pessoais e
profissionais.
Delors et al (1998:111) fazem-nos ver que “a
relação da família com a escola é indispensável porque o desenvolvimento
harmonioso das crianças implica uma complementaridade entre a educação escolar
e familiar”. Estes autores consideram que bons contactos entre família e escola
revestem de todo interesse para a educação da criança. Assim, sugerem que haja
colaboração entre as duas instituições, para responder às exigências
educativas.
Na nossa opinião, a contribuição da família na
gestão da escola influencia muito a vida dos educandos. Por um lado, o
professor compreende o aluno dado que tem um conhecimento amplo da vida do
educando por causa da informação fornecida pela família, e, por outro lado, o
aluno confia no professor, porque sabe que este comunica sempre com a família. Pode-se,
então, considerar que o contacto frequente entre duas instituições tem impacto
positivo na vida do educando. Deste modo, apropriamo-nos das palavras de
Henderson apud Marques (1997:9), que diz que “a colaboração das famílias
correlaciona-se com os resultados escolares dos alunos”.
Numa outra vertente, pode-se confirmar que os
resultados escolares provêm do esforço do trabalho da escola em colaboração com
a família. Nesta perspectiva, Anacleto (2010:20) considera que “o sucesso do
aluno não depende apenas da escola ou apenas da família, mas sim, do
inter-relacionamento das partes, uma vez que a estreita relação com as famílias
contribui, e muito, no processo de ensino e aprendizagem das crianças”.
A parceria família-escola é fundamental para
que ocorram os processos de aprendizagem e crescimento de todos os membros
deste sistema, uma vez que a aprendizagem não está circunscrita a conteúdos
escolares (BARTHOLO apud LIMA, 2002:9).
Tudo o que se disse indica que é necessário
que as famílias criem o hábito de participar na gestão da escola, e que
percebam que é importante relacionar-se com a escola na busca de um objectivo
comum, “a educação dos filhos e o bom aproveitamento para todos”. Por outro
lado, a escola deve favorecer o clima de aproximação das famílias, mostrando-as
que educar não é papel exclusivo da escola, mas sim, de todos. A interacção
entre família e escola é, deste modo, incontornável para o sucesso educativo.
As duas instituições devem colaborar, cooperar e trabalhar em parceria para
maximizar os resultados educativos, embora, se saiba que cada agente da
educação tem as suas responsabilidades ou papéis. Mas, trabalhando juntos,
estes papéis não se excluem, complementam-se.
CAPÍTULO
III
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada na Escola Primária
Completa 1º de Maio da Cidade de Inhambane. O grupo alvo foi constituído por
pais e/ou encarregados de educação (famílias), professores e pessoal da direcção
da mesma escola. Com este grupo, alguns foram entrevistados e outros receberam
um questionário com perguntas abertas e fechadas. Esta metodologia possibilitou
obter resultados concretos e fiáveis que levaram o estudo às conclusões
práticas.
3.1. Tipo de
pesquisa
A abordagem da problemática da relação entre família e
escola enquadra-se no âmbito da pesquisa da gestão educacional com opção
metodológica qualitativa. Este tipo de investigação, segundo Guba & Wolf
apud Bogdan & Biklen (1994:17), é frequentemente designada por naturalista,
porque o investigador frequenta os locais em que naturalmente se verificam os
fenômenos nos quais está interessado, incidindo os dados reconhecidos nos
comportamentos naturais das pessoas.
A escolha da pesquisa qualitativa
justifica-se porque, a investigação qualitativa é descritiva onde o
investigador tende a analisar os seus dados de forma indutiva e permite melhor
compreender, descrever e interpretar os factos inerentes ao estudo.
3.2. Instrumentos de recolha de dados
Para a concretização
deste trabalho, foram usados como instrumentos de recolha de dados, o
questionário e a entrevista. A escolha destes dois instrumentos de investigação é devido
ao facto de os achamos mais directos e exaustivos.
Os
inquéritos por questionário foram aplicados aos gestores e professores da
escola. Como gestores da instituição, eles forneceram com exatidão as
estratégias implementadas pela escola e como as famílias respondem a estas expetativas.
O mesmo inquérito foi aplicado aos professores porque são eles que interagem
directamente com as famílias quando aparecem na escola e, são eles que estão em
contacto directo com os alunos, que poderão ser os intermediários da
comunicação entre família e escola. A notar que a escolha deste instrumento revela-se
de fácil aplicação por que através dele poderá se atingir um número
considerável de inquiridos num espaço de tempo relativamente curto e obter as
respostas a tempo. O inquérito de entrevista foi aplicado às famílias com vista
a receber algumas informações acerca da sua relação com a escola e sua
contribuição na gestão da escola.
3.3. Universo e amostra
3.3.1. Universo
O universo é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum (MARCONI &
LAKARTOS, 2010:27). No nosso caso, consideramos universo, os membros que
constituem a comunidade escolar.
A EPC 1º de Maio de Inhambane tem no total 57
professores e 796 alunos, considerando unicamente os do curso diurno da EP1.
Este número dos alunos corresponde ao dos pais e/ou encarregados da educação. Existem
famílias que têm um filho, dois, três ou mais. Mas por questão prática, neste
trabalho, a média dos filhos por família é um. Razão pela qual consideramos que
o universo dos alunos correspondem ao número dos pais e/ou encarregados da
educação. O Director interino da escola e o Adjunto pedagógico fazem parte do universo.
Assim, o universo foi constituído por 57 professores, 796 famílias e 2 membros da Direcção. Portanto, o
universo é de 855 elementos.
3.3.2. Amostra
Segundo Marconi e Lakartos, a amostra é a
porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (Ibidem). Portanto,
foram seleccionados do universo alguns elementos que constituíram a amostra.
Para tornar possível esta pesquisa, foi usada
a amostragem aleatória simples, que consiste na seleção aleatória dos
elementos, de tal maneira que cada um tenha a mesma probabilidade de ser
amostrado (TOREZANI, 2004: 9). No total do universo, foi escolhido ao acaso um
grupo de 40 professores, 30 famílias e 2 membros da Direcção. Desta forma, a
amostra é constituído por 72 elementos. A selecção desta amostra associa-se ao
que sustenta Michalet apud Paro (2011:11), “numa pesquisa qualitativa, só um
número de pessoas é interrogado. São escolhidas em função de critério que nada
têm de probabilistas e não constituem de modo algum uma amostra representativa
no sentido estatístico”.
3.4. Plano de Processamento de dados
Os dados fornecidos pelos professores, famílias
e pelo pessoal de direccão da EPC 1º de Maio foram recolhidos de forma bruta e
agrupados conforme a aproximação das respostas, isto é, as respostas
semelhantes ficaram na mesma rúbrica. E depois passou-se à análise de dados.
3.5. Método de apresentação de dados
Os dados obtidos foram processados manualmente,
auxiliado por uma máquina de calcular. Depois de colhidos os dados, estes foram
classificados por categoria. Depois foram apresentados em tabelas com as
respectivas percentagens dos dados para facilitar a leitura e interpretação dos
mesmos.
3.6. Análise e interpretação dos dados
Depois da recolha de dados, os resultados foram submetidos a uma análise
e interpretação. Para Bogdan & Biklen (1994: 205),
a análise de dados é um processo
de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas
de campo e outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de
aumentar a sua própria compreensão desses materiais e de lhe permitir apresentar
aos outros aquilo que encontrou.
Com
efeito, no trabalho de campo tivemos os dados de 2 gestores, 40 professores e
de 30 famílias. Estes dados foram analisados em termos de percentagem através
de tabelas que nos permitiu ter uma visão global sobre a contribuição da
família na gestão da escola. Com os dados que foram recolhidos, fizemos uma
interpretação que ligou o problema encontrado às hipóteses previstas para nos
permitir tirar conclusões da nossa pesquisa.
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Neste
capítulo, pretendemos sistematizar os resultados obtidos no campo de pesquisa.
Através do questionário e/ou entrevista dirigidos ao director interino da EPC
1º de Maio, ao adjunto pedagógico, aos professores e às famílias, tivemos os
resultados que foram apresentados, analisados e interpretados de maneira a
inferir os mesmos ao tema em pesquisa. Os resultados obtidos do questionário e
das entrevistas foram tratados da mesma forma, dado que as perguntas feitas
para o questionário são as mesmas para a entrevista. Mas algumas respostas
recolhidas das entrevistas ajudaram-nos a fazer comentários sobre alguns
aspectos do trabalho. É de salientar que os resultados obtidos foram agrupados
em quatro grandes categorias: os órgãos da gestão
da escola, as formas em que as famílias contribuem na gestão
da escola, a
importância/vantagens da contribuição da família na gestão da escola e as estratégias
para incentivar as famílias a contribuírem na gestão da escola. Estes temas foram
concebidos tendo em conta os objectivos que pretendíamos alcançar e para respondermos
à questão central do estudo.
4.1. Categoria - “Os órgãos da gestão da escola”
O
primeiro aspecto a considerar na contribuição da família na gestão da escola
tem que ver com a existência dos órgãos de gestão na escola. Consideramos este
aspecto partindo do pressuposto de que a contribuição da família só pode ser possível
se a família estiver representada nos diferentes órgãos da gestão da escola.
Tabela 1. Os órgãos
da gestão da escola
|
O (a) senhor (a) faz
parte dum dos órgãos da gestão da escola?
|
||||
|
Envolvidos
|
Sim
|
Não
|
Abstenção
|
Total
|
|
Professores
|
40(55.5%)
|
|
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
6(8.3%)
|
21(29.1%)
|
3(4.1%)
|
30(41.6%)
|
|
Director
Int.
|
1(1.3%)
|
|
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto
P.
|
1(1.3%)
|
|
|
1(1.3%)
|
|
Total
|
48(66.6%)
|
21(29.1%)
|
3(4.1%)
|
72
(100%)
|
|
Se
sim, em que órgão o (a) senhor (a) faz parte?
|
||||
|
|
CE
|
CT
|
CP
|
Total
|
|
Professores
|
2(2.7%)
|
32(44.4%)
|
6(8.3%)
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
4(5.5%)
|
2(2.7%)
|
|
6(8.3%)
|
|
Director
Inter.
|
1(1.3%)
|
|
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto
P.
|
|
|
1(1.3%)
|
1(1.3%)
|
|
Total
|
7(9.7%)
|
34(61.1%)
|
7(9.7%)
|
48(66.6%)
|
Fonte:
autor do trabalho
Como
se pode ver na tabela acima apresentada, 40 (55.5%) professores, 6 (8.3%)
famílias, o director interino (1.3%) e o adjunto pedagógico (1.3%), totalizando
48 (66.6%) informantes, disseram que as famílias estão representadas nos órgãos
existentes na escola. Por outro lado, 21 (29.1%) famílias responderam
negativamente. Há que referir que 3 (4.1%) famílias não se pronunciaram em
relação ao aspecto.
Pode
se perceber da tabela em alusão que os informantes estão presentes nos
diferentes órgãos (não todos) que existem na escola, isto é, no Conselho da
Escola (CE), no Conselho da Turma (CT) e no Conselho Pedagógico (CP). Porém,
nem todos estão bem representados, dado que somente 48 (66.6%) dos informantes estão
representados nos diferentes órgãos: 7(9.7%) no CE, resultado das afirmações de
2 (2.7%) professores, 4 (5.5%) famílias, e do (1.3%) director interino da
escola; 34(61.1%) no CT, resultado das opiniões de 32 (44.4%) professores e 2
(2.7%) famílias e por fim, 7(9.7%) no CP, resultado de 6(8.3%) professores e do
adjunto pedagógico (1.3%).
Dos
resultados apresentados, verifica-se que os professores estão bem representados
no CT, com 44.4% dos membros, e no CP, com 8.3% dos membros, mas, no CE, a
representação é baixa (2.7%). Das 30 famílias inquiridas, 6 (8.3%) fazem parte
dos órgãos da escola, isto é, 4 (5.5%) no CE, 2 (2.7%) no CT, e nenhuma do CP.
O director interino e o adjunto pedagógico estão presentes seja no CE, seja no
CP.
Relacionando
os resultados, vemos que o CT não tem uma grande representação da família, o
que é contrário para os professores que têm a maior representação. Este facto
percebe-se, porque a escola tem 48 turmas, e quase todos professores têm, na
sua responsabilidade, uma turma para atender, e todos fazem parte do CT. Isso
não é o caso para a representação das famílias no mesmo conselho. Neste
conselho só pode ser representado por um delegado dos pais (Art. 31 do RGEB).
No entanto, ter dois representantes é uma situação excepcional. Assim, este
órgão da escola, conforme os resultados obtidos, tem uma boa representação da família.
Neste aspecto, Lima encoraja a escola dizendo que deve-se “flexibilizar o
conselho de turma e torná-lo num órgão de participação alargada e de reflexão
centrado nos problemas dos alunos” (LIMA, 2002:61). Nesta área, exige-se a
flexibilidade do gestor. Ele pode favorecer a presença das famílias no conselho
da turma para juntos reflectir sobre a vida escolar dos educandos. As famílias
têm uma gama de experiências e ideias que possam ajudar a ter boas propostas
sobre como fazer para que a educação dos filhos corra bem.
Em
relação ao CE, os resultados mostram que há um desequilíbrio quanto às
representações: 7(9.7%) informantes, resultado de 2 (2.7%) professores, 4 (5.5%)
famílias e o (1.3%) director interino, fazem parte do CE. Deste modo, em termos
percentuais, os professores estão bem representados porque, segundo o documento
“MACE”, somente 3 professores podem fazer parte no CE (MINEDH, 2015). No entanto,
considerando a representação das famílias no mesmo conselho, a situação é
diferente. Apenas 4 fazem parte do Conselho. Conforme estipulado no Regulamento
de Funcionamento dos Conselhos de Escola, a representação das famílias deve ser
maior em relação a outras representações. A tabela 2 apresenta claramente os
pormenores acerca das representações.
Tabela
2. A composição do conselho da Escola
|
Grupo
|
Tipo
1
(+
de 1500 alunos)
|
Tipo
2
(500-1500
alunos)
|
Tipo
3
(<500
alunos)
|
|
Vagas
|
Vagas
|
Vagas
|
|
|
Director
da Escola
|
1
|
1
|
1
|
|
Representantes
dos professore
|
3
|
3
|
2
|
|
Representantes
dos alunos
|
4
|
4
|
3
|
|
Representantes
das pessoas técnicas administrativas
|
1
|
1
|
1
|
|
Representantes
dos pais
|
8
|
8
|
6
|
|
Representantes
da comunidade
|
4
|
8
|
3
|
|
Total
|
21
|
21
|
16
|
Fonte: MINEDH 2015
De
acordo com a tabela, a EPC 1º de Maio encontra-se no tipo 2 das escolas com (+ de
500 alunos). O Conselho desta escola devia ter 8 membros que representam as
famílias, ao invés de 4 elementos. No entanto, a escola está em baixo em
relação aos membros representantes das famílias no CE. Deste modo, esta
insuficiência dos membros pode influenciar muito nas tomadas de decisões.
Quando o número do pessoal da escola for maior, o peso da presença da família
diminui. Assim, perante uma decisão a tomar, é a opção do pessoal da escola que
vai prevalecer, e, com isso, a presença das famílias no Conselho não ajudará em
nada porque a decisão será tomada pela maioria. Mas não deve ser assim. O
Conselho da Escola é para garantir uma gestão participativa e transparente da
escola e ajustar as diretrizes e metas estabelecidas a nível central e local, à
realidade da escola e comunidade (MINEDH, 2015:11). Como vai ser garantida a
gestão e a transparência da escola enquanto a família está mal representada? Há,
portanto, o interesse para rever as representações das famílias para equilibrar
a gestão da escola.
Em
relação ao Conselho Pedagógico, observamos que nenhuma família está
representada, isto é, as famílias não tem chance de saber o que se ensina na
escola e como está sendo ensinado embora estejam representadas noutros órgãos. De
referir que a representação da família no CP não está prevista no RGEB, e nem
todos os professores fazem parte. Compõem o CP, o director da escola, o adjunto
pedagógico, os coordenadores de Ciclos e os coordenadores de áreas (MEC,
2008:29). Mas, tendo em conta a necessidade de incluir as famílias na gestão da
escola, mesmo que a representação das famílias não esteja estipulado no RGEB,
as famílias (mesmo por intermédio de algum perito em matéria) deveriam ser
representadas para ter acesso a todas as informações sobre o modo de educar
seus filhos e para poder acompanhar os assuntos que lá se trata e ajudar em
ideias ou opinião, porque a escola está ao serviço da família e da sociedade e
não o contrário. É ela que mandatou a escola para ser co-educador dos filhos, e
assim sendo, a família deve estar presente em todos os órgãos da gestão da
escola.
Tendo
em conta o acima referido, é fácil para nós confirmarmos que existe umas
diferenças significativas entre escola (professores, directores, etc.) e
famílias quanto ao peso que estes têm nos órgãos presentes na escola. Portanto,
mesmo quando se trata de tomar decisões nos conselhos, há um desequilíbrio
notório, isto é, a escola é que tem prevalência nas decisões. O estranho é que
os inquiridos acharam que as famílias estão bem representadas nos diferentes
órgãos da escola (não sabemos dos critérios que usaram, mas nós nos referimos àquilo
que está estipulado no RGEB). Suponhamos que seja verdade, mas, esta
representação é insignificante dado que não pode influenciar em nada nas
decisões a tomar na escola e, existem outros órgãos em que nem uma família é
representada (referimo-nos ao conselho pedagógico, por exemplo).
Em
relação à existência de associação de pais e/ou encarregados de educação (APEE)
na escola, a situação é um pouco diferente. A maioria dos informantes
(97%) mostrou que esta associação existe. Assim, as respostas mostram que há conhecimentos
de que a escola tem um órgão que trabalha em colaboração com outros órgãos
existentes na escola. Quanto à participação nas reuniões que esta
associação organiza, as respostas variaram conforme ilustrado na tabela 3.
Tabela
3. Participação das famílias nas reuniões da associação.
|
O (a) senhor (a) tem participado nas reuniões organizadas
pela associação ?
|
||||
|
|
Sim
|
Não
|
Abstenção
|
Total
|
|
Professores
|
4(5.5%)
|
33(45.8%)
|
3(4.1%)
|
40(55.5%
|
|
Famílias
|
18(25%)
|
8(11.1%)
|
4(5.5%)
|
30(41.6%)
|
|
Director
Int.
|
|
1(1.3%)
|
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto
Pedagógico
|
|
1(1.3%)
|
|
1(1.3%)
|
|
|
22(30.5%)
|
43(59.7%)
|
7(9.7%)
|
72(100%)
|
Fonte: autor do
trabalho
4(5.5%)
Professores e 18 (25%) famílias, totalizando 22 (30.5%) informantes, afirmaram
que têm participado nas reuniões. Por outro lado, 33 (45.8%) professores, 8
(11.1%) famílias, o director interino (1.3%) e o adjunto pedagógico (1.3%),
totalizando 43 (59.7%) informantes, afirmaram que não participam nas reuniões;
a notar que 3 (4.1%) professores e 4 (5.5%) famílias totalizando 7 (9.7%)
informantes, não se pronunciaram sobre o caso.
Os
resultados apresentados na tabela 3 revelam que as famílias estão mais
representadas na APEE do que os professores. Em termos percentuais, se
consideramos as 18 famílias num universo de 30, então elas representam 60 %, enquanto
os 4 professores para o universo de 40, representa 10 % apenas. No concernente
a não participação, o número dos professores é mais elevado do que o das
famílias. Isto mostra que as famílias manifestam muito interesse em trabalhar
nas associações do que noutros órgãos da escola, ou seja, a interpretação deste
facto pode ser que nas associações haja uma grande abertura em relação a outros
órgãos que têm vagas bem limitadas. Portanto, as famílias estão bem representadas,
porque são consideradas “donas da associação”, como o nome faz transparecer.
Deste modo, a APEE constitui um elemento de equilíbrio. É um órgão dedicado a
trabalhar junto com escola para lhe fornecer alguns elementos úteis para
escola. Portanto, um bom modo de poder perceber melhor o que se passa no interior
da escola e poder contribuir para a constante melhoria, é participar nas
associações de pais, dado que estas associações são ouvidas, respeitadas e têm
peso nas decisões da escola (PAIVA, 2012: 205). E portanto, contribui na gestão
da escola.
Dizendo
isso, apraz-nos referir, no entanto, que, tivemos o tempo de fazer uma consulta
a documento que trata dos órgãos da gestão da escola. Através da análise feita
sobre o documento, vimos matérias referentes a APEE, relacionado à sua
participação na organização. Assim, na acta da reunião realizada em 2013, no
dia 26 de Maio, aparece uma resolução que diz que “em parceria com a gestão da
escola, decidimos sensibilizar as famílias a contribuir com 30 meticais por
ano, por cada aluno, como contribuição de fundo para pagar o guarda ”. Esta
taxa continua em vigor até hoje, de acordo com a informação recebida junto do
director adjunto pedagógico no dia 31 de Março de 2016. Assim, a proposta de
resolução aqui referida, mostra que a APEE é um órgão que trabalha em
colaboração com a escola e que tem peso sobre as decisões a tomar sobre a vida
escolar. Desta forma, podemos concluir que as famílias, através da APEE,
contribuem de forma significativa na gestão da escola.
4.2.
Categoria – “Formas com que as famílias contribuem na gestão da escola”
Nesta
categoria pretendíamos conhecer as formas como as famílias contribuem na gestão
da escola, e foram inquiridos apenas os professores e as famílias. O número da
amostra é de 70. À questão de saber se as famílias têm contribuído na gestão da
escola, 64 (91.4%) inquiridos responderam positivamente, 4 (5.7%) disseram o
contrário e 2 (2.8%) não manifestaram a sua posição. Quanto às formas de
contribuição, a tabela 4 apresenta os resultados de forma explícita.
Tabela 4. Formas
de contribuição da família na gestão da escola
|
De que forma é
feita esta contribuição?
|
|||
|
Envolvidos
|
Professores
|
Famílias
|
Total
|
|
Através
das opiniões, ideias e sugestões dadas nos conselhos da escola ou outras
reuniões
|
9(12.8%)
|
3(4.2%)
|
12(17.1%)
|
|
Acompanhamento
de actividades escolares
|
5(7.1%)
|
1(1.4%)
|
6(8.5%)
|
|
Gerência
do fundo ADE e de guarda
|
7(10%)
|
7(10%)
|
14(20%)
|
|
Preparativos
das festas e limpeza escolar
|
2(2.8%)
|
6(8.5%)
|
8(11.4%)
|
|
Participação
nas reuniões para a tomada de decisões
|
6(8.5%)
|
4(5.7%)
|
10(14.2%)
|
|
Fazendo
parte do conselho de escola, da turma, etc.
|
3(4.2%)
|
4(5.7%)
|
7(10%)
|
|
Colaboração
no saneamento do meio e contribuição de valor a pagar ao guarda e conservação
da escola
|
8(11.4%)
|
5(7.1%)
|
13(18.5%)
|
|
Total
|
40(57.1%)
|
30(42.8%)
|
70(100%)
|
Fonte:
autor do trabalho
Conforme
observamos na tabela acima ilustrada, as famílias e os professores parecem
divididos acerca das opiniões sobre as formas da contribuição: 12(17.1%). Assim,
resultado das afirmações de 3 (4.2%) professores e 9 (12.8%) famílias revelam
que a contribuição das famílias faz-se através das opiniões, ideias e sugestões
dadas nos conselhos da escola ou noutras reuniões organizadas pela escola;
6(8.5%), resultado das opiniões de 5 (7.1%) professores e uma (1.4%) família
observam que é no acompanhamento de actividades escolares que as famílias
contribuem; 14(20%) informantes, representados por 7 (10%) professores e 7(10%)
famílias mostram que as famílias contribuem na gestão do fundo ADE (Apoio
Directo as Escolas) e do fundo de guarda; 8(11.4%), resultado das opiniões de
2(2.8%) professores e 6(8.5%) famílias dizem que as famílias contribuem nos
preparativos das festas e, às vezes, na limpeza escolar; 10(14.2%), resultado
das opiniões de 6(8.5%) professores e 4(5.7%) famílias, revelaram que as
famílias contribuem na participação das reuniões para a tomada de decisões;
3(4.2%) professores e 4(5.7%) famílias, totalizando 7(10%) informantes, confessaram que, fazendo parte do conselho de
escola e/ou da turma já é uma grande contribuição, porque é nestes conselhos
que se precisa de ideias ou propostas para o bom funcionamento da escola.
Assim, a actuação das famílias fazem-se sentir nestes conselhos da escola; e,
por fim, 13(18.5%) inquiridos, dos quais, 8(11.4%) professores e 5(7.1%)
famílias, mostraram que a contribuição das famílias consiste na sua colaboração
em saneamento do meio, na contribuição de valor a pagar ao guarda e na
conservação da escola. Isto significa que existem várias formas com que as
famílias podem contribuir na gestão da escola. Na globalidade, as famílias e os
professores consideram que a participação nos conselhos, as opiniões e
sugestões feitas nas reuniões, a colaboração no saneamento do meio escolar, a
contribuição de valor a pagar ao guarda, a gerência do fundo ADE, e outras são
formas através das quais as famílias contribuem na gestão da escola.
Na
verdade, as famílias são responsáveis pela educação dos filhos. Por essa razão,
devem cuidar do meio onde se encontram os seus filhos para receber esta
educação. A contribuição em termos de valor monetário, referida pelos inquiridos,
faz parte da gestão, porque ajuda a garantir a conservação dos imóveis através
do guarda. Além disso, como membros efectivos da escola, as famílias têm
direito de saber o destino do fundo ADE, para participarem, efectivamente, da
sua gestão. Nas reuniões, as famílias têm contribuído com as suas ideias,
opiniões ou propostas. Este é um princípio, e nem sempre este princípio se
concretiza. Pode acontecer que as famílias, estejam presentes nas reuniões e,
ao mesmo tempo, tenham medo de dar as suas opiniões, ou seja, podem ter a
vontade de dar as suas opiniões, mas que não sejam bem acolhidas pela escola.
No entanto, a contribuição da família depende em grande parte do modo como a
escola oferece o espaço para isso e como valoriza a presença da família na escola.
Portanto, seja qual for a forma, a contribuição da família na gestão da escola
é sempre importante. Assim, Borroso mostra que “é na medida em que os pais se
integram na escola como co-educadores, que devem participar nas estruturas
formais e informais de gestão quotidiana da escola e exercer o controlo
democrático sobre o funcionamento da escola” (BORROSO, 1995: 14). Na
perspectiva deste autor, a contribuição da família confirma o seu papel de
co-educadora, e por isso mostra que deve participar em todas as estruturas. Na
nossa opinião, a família não é co-educadora, mas sim, a educadora. A escola é
que é co-educadora, isto é, coopera ou ajuda a família nesta tarefa de educar. Por
esta razão, a família deve participar em todas as estruturas de gestão da
escola para se aperceber do seu funcionamento e junto com a escola educar os
filhos. Enquanto isso, as famílias não podem ficar afastadas da vida escolar
dos seus filhos. Portanto, os gestores deverão abrir espaço às famílias para
que estas contribuam na gestão da escola, convidando-as para sessões,
preparativos de festas escolares e, em geral, para todas as reuniões em que
essa contribuição possa ser devidamente orientada (LIMA, 2002: 31).
Existem
outras actividades em que as famílias podem dar a sua contribuição de forma
concreta. A tabela 5, em referência neste trabalho, apresenta-nos as opiniões
dos inquiridos sobre as actividades em que as famílias deveriam participar.
Tabela
5. As actividades em que as famílias deviam participar
|
Em
que actividades da escola devem as famílias participar?
|
|||||
|
|
Professores
|
Famílias
|
Director
Int.
|
Adjunto
Ped.
|
Total
|
|
Elaboração
de plano estratégico da escola
|
6
(8.3%)
|
4
(5.5%)
|
|
|
10
(13.8%)
|
|
Definição
de critérios de avaliação e passagem de classes
|
9
(12.5%)
|
5
(6.4%)
|
1
(1.3%)
|
|
15
(20.8%)
|
|
Organização
dos eventos escolares
|
16
(22.2%)
|
2
(2.7%)
|
|
|
18
(25%)
|
|
Definição
de critérios organizacionais
|
4
(5.5%)
|
3
(4.1%)
|
|
1
(1.3%)
|
8
(11.1%)
|
|
Nos
órgãos da gestão da escola
|
4
(5.5%)
|
8
(11.1%)
|
|
|
12
(16.6%)
|
|
Na
comissão financeira da escola
|
1
(1.3%)
|
8
(11.1%)
|
|
|
9
(12.5%)
|
|
Total
|
40
(55.5%)
|
30
(41.6%)
|
1
(1.3%)
|
1
(1.3%)
|
72
(100%)
|
Fonte: autor do
trabalho
Como se nota na tabela 5, no total de 72
(100%) informantes, 10 (13.8%), correspondentes a 6 (8.3%)
professores e 4 (5.5%) famílias, acham que as famílias deveriam participar na
elaboração de plano estratégico da escola, junto com a equipa da escola; 15
(20.8%), resultado das opiniões de 9 (12.5%) professores, 5 (6.4%) famílias e o
director interino (1.3%) da escola, acham que as famílias deveriam participar
na definição de critérios de avaliação e passagem de classes; 18 (25%),
resultado das afirmações de 16 (22.2%) professores e 2 (2.7%) famílias dizem que
as famílias deveriam tomar parte na organização dos eventos escolares; 8
(11.1%), resultado das propostas de 4 (5.5%) professores, 3 (4.1%) famílias e o
adjunto pedagógico (1.3%), mostram que as famílias deveriam participar na
definição de critérios organizacionais da escola; 12 (16.6%), resultado das
respostas de 4 (5.5%) professores e 8 (11.1%) famílias, dizem que a sua
presença seria benéfica nos órgãos da gestão da escola; e um (1.3%) professor e
8 (11.1%) famílias, totalizando 9 (12.5%) informantes, mostra que as famílias
deveriam fazer parte da comissão financeira da escola.
Perante
os dados recolhidos dos inquiridos e, tendo em conta a hierarquia das
prioridades, vimos que uma percentagem significativa das famílias prefere dar a
sua contribuição nos órgãos da gestão da escola, isto é, no conselho da escola,
conselho de turma, associação dos pais, etc. A segunda preferência é trabalhar
na comissão de finanças da escola, e por fim, na definição de critérios de
avaliação e passagem de classes. Contribuir na organização dos eventos
escolares é, para as famílias, o nível mais baixo das prioridades onde pode dar
a sua contribuição. No entanto, as famílias querem acompanhar de perto a gestão
da escola.
Fazendo
parte dos órgãos da gestão da escola é uma via pela qual a família pode
contribuir com eficiência para a gestão escolar. Do mesmo modo, quando as
famílias preferem contribuir na comissão de finanças é para ver como é que a
escola utiliza os patrimónios e os fundos que, em parte, são fruto da sua
contribuição. A preferência para a definição de critérios de avaliação e
passagem de classes tem a ver com o interesse de famílias que querem ver os
seus filhos a progredir e não endurecer os critérios. De tudo o que precede,
deve-se saber que, fazer parte destes órgãos não significa ter a capacidade de
contribuir na totalidade, porque existem outros parâmetros para que a contribuição
seja efectiva.
Para
os professores, seguindo a hierarquia das prioridades, as famílias devem
contribuir na organização dos eventos escolares, na definição de critérios de
avaliação e passagem de classes e na elaboração do plano estratégico da escola.
A contribuição da família na comissão financeira da escola é o nível mais baixo
onde a família pode dar a sua contribuição. Em outras palavras, as famílias
devem ser afastadas em tudo que tem a ver com os dinheiros.
Tendo
em conta os dados recolhidos dos professores e famílias, constata-se que as
áreas onde as famílias preferem contribuir com prioridade não correspondem àquelas
em que a escola quer que as famílias dêem a sua contribuição. Isso pode ser que
muitos professores receiam que o envolvimento parental se transforme num novo
instrumento de controlo e interferências nas suas práticas pedagógicas (MARQUES
2001: 24). Deste modo, a escola está afastando as famílias das áreas
consideradas “chave” (achamos nós), forçando-as a estar onde elas não vêem importância.
Exemplo típico, para os professores, a prioridade na contribuição das famílias
consiste em ver as famílias na organização de eventos escolares, enquanto esta
não é uma prioridade para as famílias, para as quais a prioridade é ser
representada nos órgãos da gestão, como nos conselhos da escola, financeiro, pedagógico,
etc. A única prioridade que coincide um pouco é a definição de critérios de
avaliação e passagem de classes. Apropriando-se das palavras de Motta (apud
Lima, 2002:153), a interpretação global deste facto é que, “os professores
desejam proteger a sua imagem profissional e a sua autonomia tradicionalmente
intocável, pelo que vêem a participação dos pais na gestão das escolas como uma
interferência de pessoas insuficientemente informadas em problemas específicos
para poderem fazer comentários úteis”.
A
autora (Motta) chegou a esta conclusão por que, num estudo feito por ela,
relativo as áreas do envolvimento parental na escola, verificou que os itens relativos
ao envolvimento parental que recolhiam maior aceitação entre os professores
eram a participação na organização de festas, visitas de estudo ou outros
acontecimentos realizados na escola (Ibidem). Os aspectos que mereciam maior
oposição por parte dos docentes eram a possibilidade dos pais se pronunciarem
sobre a gestão financeira, pedagógicas, as retenções de alunos e a
possibilidade de emitirem pareceres sobre a avaliação do desempenho do pessoal
docente, de se pronunciarem sobre a organização das turmas, etc. (Ibidem). No
entanto, neste estudo, os professores afirmaram, igualmente, que a participação
da família na gestão da escola é decisiva para resolver alguns problemas (MOTTA
apud LIMA, 2002:153).
Tendo
em conta as constatações da hierarquia de preferências apresentadas, achamos
que, mesmo que as famílias tenham vontade de dar a sua contribuição, torna-se-lhes
difícil por a escola não oferecer esta oportunidade. Portanto, o trabalho da
escola ou a contribuição das famílias nas diferentes áreas preferidas deve ser
um acordo entre as duas entidades. Em tal acordo devem-se mostrar os limites de
cada parte para evitar confrontos. Com isso, conclui-se que há várias
actividades onde as famílias podem dar a sua contribuição, e que eles
revelam-se dispostos a contribuírem na gestão da escola, mostrando as
modalidades possíveis.
Na
tabela seguinte, podemos analisar as respostas relevantes dadas pelos
informantes acerca dos modos com que a escola promove a contribuição da família
na gestão da escola. Assim, partimos do pressuposto de que esta contribuição
depende basicamente da iniciativa da escola.
Tabela
6. Modos com que a escola favorece a contribuição da família na gestão da
escola
|
“De
que modo a escola favorece a contribuição da família na gestão escolar?”
|
|||||
|
Envolvidos
|
Ao
convidar para colaborar na elaboração do projecto educativo
|
Ao
pedir opinião nas tomadas de decisões
|
Ao
convidar para planificar as actividades gerais da escola
|
Ao
informar sobre a situação dos educandos
|
Total
|
|
Professores
|
7(9.7%)
|
4(5.5%)
|
9(12.5%)
|
20(27.7%)
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
3(4.1%)
|
21(29.1%)
|
1(1.3%)
|
5(6.9%)
|
30(41.6%)
|
|
Director
Int.
|
1(1.3%)
|
|
|
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto
Pedagógico
|
|
|
1(1.3%)
|
|
1(1.3%)
|
|
Total
|
11(15.2%)
|
25(34.7%)
|
11(15.2%)
|
25(34.7%)
|
72(100%)
|
Fonte:
autor do trabalho
Analisando
a tabela acima ilustrada, nota-se que dos 72 (100%) questionados, 11 (15.2%),
resultado das opiniões de 7(9.7%) professores, 3(4.1%) famílias e do director
interino da escola(1.3%), revelam que as famílias têm sido convidadas para
colaborar na Elaboração do Projecto Educativo e/ou Regulamento da escola;
25(34.7%), resultado das afirmações de 4 (5.5%) professores e 21 (29.1%)
famílias, confessam que a escola tem chamado as famílias para que dêem suas
opiniões ou propostas acerca das decisões a tomar, seja no âmbito educativo seja
no organizacional; 11(15.2%), dos quais 9 (12.5%) professores, uma (1.3%)
família e o adjunto pedagógico (1.3%), mostram que sempre que possível, as
famílias são solicitadas através da associação dos pais e/ou encarregados da
educação ou nos conselhos da escola a colaborar na planificação das actividades
que se realizam na escola ou fora dela; 25(34.7%), resultado das opiniões de 20
(27.7%) professores e 5 (6.9%) famílias, afirmam que a escola chama as famílias
para informar sobre a situação dos educandos.
Olhando
para os resultados apresentados na tabela, constatamos que há uma divergência
de ideias entre o que os professores pensam e o que as famílias apresentam. Por
exemplo, no concernente à solicitação para informação sobre a situação dos
educandos, 20 (27.7%) professores contra apenas 5 (6.9%) famílias assumem que a
escola convida as famílias para informar sobre a situação do educando. A notar
que 20 professores constituem a metade do número dos professores, enquanto 5
famílias não chegam nem a 25% do número das famílias. No entanto, falando da
solicitação da escola para pedir opinião das famílias nas tomadas de decisões,
vimos que 4 (5.5%) professores apenas e 21 (29.1%) famílias concordam que a
escola faça esta solicitação. Analisando este desequilíbrio das respostas dos
informantes, vimos que o problema não é das percentagens obtidas, mas aquilo
que os inquiridos pensam que deve ser feito. Os professores querem que as
famílias se preocupem com a recepção de informações sobre a situação dos alunos
e não com as decisões a tomar na escola. Por outro lado, as famílias querem
participar nas decisões e não se limitarem à recepção das informações acerca da
vida escolar dos filhos.
No
que tange ao aspecto ligado à planificação das actividades gerais da escola, 9
(12.5%) professores mostram que a escola consegue convidar as famílias, e uma
(1.3%) família apenas confirma a mesma posição. O convite que a escola faz para
colaborar na elaboração do projecto educativo é uma forma de oferecer espaço
para contribuir na gestão da escola. A este aspecto, Lima (2002:64) diz que “os
pais, enquanto responsáveis primeiros pela educação dos filhos, é conferido
papel de destaque, nomeadamente através da sua inclusão como membros de pleno
direito no órgão mais importante no contexto da nova arquitectura
organizacional…”. Isto significa que as famílias são membros dos órgãos da
escola onde se elabora o projecto educativo, o regulamento interno da escola e
onde se tratam outros assuntos relacionados com a educação dos alunos.
7(9.7%)
Professores e 3 (4.1%) famílias falam do convite para elaboração do projecto
educativo. Aqui, não há uma grande discrepância, porque 7 professores
representam 17.5% do total dos professores, e 3 famílias representam 10% do
total das famílias. Portanto,
A escola deve
possibilitar o envolvimento familiar, de modo a articular as práticas escolares
com as práticas educativas familiares; beneficiar de contributo dos seus
membros, como educadores, em actividades de natureza socioeducativo; associar
os pais à tomada de decisão sobre questões que afectam directamente as
modalidades da sua colaboração a escola ou se prendem com o modo como a escola
define realiza os seus objectivos (BORROSO, 1995:13).
Deste
modo, a escola tem todo interesse em abrir espaço de modo a dar oportunidade às
famílias para contribuírem na gestão. Portanto, os diferentes modos (pedido de
opinião nas tomadas de decisões, colaboração na elaboração do projecto educativo,
colaboração na planificação das actividades gerais e informação sobre a vida do
educando) que a escola favorece é uma maneira de aproximar as famílias a
contribuir de forma concreta na gestão da escola.
Na
EPC 1º de Maio, existem dois tipos de reuniões: reuniões alargadas, onde
participam todos os membros da comunidade escolar e reuniões restritas onde
participam apenas os membros dos conselhos. Estas reuniões acontecem três vezes
por ano, existindo reuniões extraordinárias em casos de necessidades.
No
concernente à participação da família nas reuniões para elaboração do projecto
educativo, regulamento interno da escola, e outros, os 72 (100%) informantes mostram
que participam. À questão de saber quantas vezes por ano se participou nas
reuniões, a tabela 7 apresenta-nos todos os pormenores.
Tabela 7. A
frequência da família nas reuniões da escola
|
|
Quantas vezes por ano participaram nas reuniões
convocadas pela escola?
|
|||
|
|
0-1
|
2-3
|
4
Ou mais
|
Total
|
|
Professores
|
|
29(40.2%)
|
11(15.2%)
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
19(26.3%)
|
11(15.2%)
|
|
30(41.6%)
|
|
Director
Int.
|
|
|
1(1.3%)
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto
P.
|
|
|
1(1.3%)
|
1(1.3%)
|
|
Total
|
19(26.3%)
|
40(55.5%)
|
13(18%)
|
72(100%)
|
Fonte:
autor do trabalho
Na
rúbrica “0-1” encontram-se, unicamente, 19 (26.3%) famílias que participaram
uma vez ou que não participaram de nenhuma reunião; na rúbrica “2-3”, 40 (55.5%),
resultado das respostas de 29 (40.2%) professores e 11 (15.2%) famílias, que
participaram duas ou três reuniões; na rúbrica “4 ou mais”, 13 (18%) inquiridos,
dos quais temos 11 (15.2%) professores, o director interino (1.3%), e o adjunto
pedagógico (1.3%) que participaram de quatro ou mais das reuniões organizadas
pela escola.
À base dos dados recolhidos, vimos que muitas
famílias encontram-se no intervalo entre 0-1, o que significa que algumas
famílias participaram só uma vez, e outras, nem uma vez, das reuniões
organizadas pela escola. Assim, podemos dizer que as famílias que se encontram
nesta rúbrica não têm nenhum interesse em acompanhar a vida escolar dos filhos
ou a sua participação é passiva, enquanto primeiras responsáveis pela educação.
Esta situação assemelha-se àquela que Lima (2002: 28) encontrou na sua
pesquisa, quando escreve:
a relação entre
Liceu e as famílias ao longo dos últimos 100 anos, consiste na reiterada
representação dos pais como sofrendo de algum tipo de deficit, não se
interessam na educação dos filhos, não cumprem a sua obrigação de cooperadores,
não comparecem na escola quando são
convocados, apenas se preocupam com os filhos nos finais de período, concebem a
educação como uma empreitada, pressionam o poder politico no sentido do
facilitismo, etc.
As
contribuições das famílias são feitas, em grande parte, nas reuniões de
conselhos, assembleias ou outras. Mas quando as famílias não querem participar em
nenhuma das reuniões, ou participam pouco, onde e quando é que irão dar a sua contribuição?
Nas conversas informais que tivemos com algumas famílias, percebemos que estas
têm vontade de participar nas reuniões, mas nestas a escola não faz outra coisa
senão desmotivá-las, condenando-as. Por outro lado, em conversa com os
representantes da escola, percebemos, contrariamente, que o problema reside nas
famílias, que não querem cooperar com a escola. Portanto, estamos a viver uma
situação de acusação mútua, que significa a parada no problema.
Um
outro grupo dos inquiridos encontra-se no intervalo entre 2-3, isto é, os inquiridos
participaram duas ou três vezes nas reuniões. Neste grupo, temos apenas 11
famílias que participaram nas reuniões, sendo, os professores, os mais activos.
Todos participaram mais de duas vezes nas reuniões. Isto significa que a
maioria dos professores encontra-se no intervalo entre 2-3, e outros participaram
em mais de 4 vezes. O director interino e o adjunto pedagógico participaram em
4 ou mais vezes nas reuniões. Isto justifica-se, porque são eles que organizam
as reuniões e, logo, têm a possibilidade ou obrigação de participar nelas.
Em
suma, apesar de haver algumas famílias que participam com frequência nas
reuniões convocadas pela escola, vimos que há um número maior que não participa
em nenhuma. Considerando esta participação em termos percentuais, 19 famílias,
que não participam, representam 63.3%, e 11 famílias, dos que participam,
representam apenas 36.6%. Portanto, as famílias que participam menos ou não
participam são superiores ao número daquelas que participam. Assim, a
participação das famílias nas reuniões fica indesejável.
A
seguir vamos apresentar as opiniões dos inquiridos sobre os motivos impeditivos
da participação nas reuniões organizadas pela escola.
As famílias, como educadores dos filhos, são
implicadas na gestão da escola para acompanhar a vida escolar dos filhos. No
entanto, por razões diversas nem sempre isso acontece. Na tabela a seguir
podemos analisar algumas respostas mais relevantes dadas pelos inquiridos.
Tabela 8. Os motivos da fraca frequência nas
reuniões
|
|
Na sua opinião, quais são os motivos que
dificultam a participação das famílias nas reuniões organizadas pela escola?
|
|||||
|
Envolvidos
|
Pouca
tradição
|
Horários
das reuniões não correspondem
|
Falta
de tempo e disponibilidade
|
Falta
de interesse
|
Não
sabem como intervir
|
Total
|
|
Professores
|
5 (7%)
|
6 (8.3%)
|
10 (13.8%)
|
8 (11.1%)
|
11(15.2%)
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
3 (4.1%)
|
9(12.5%)
|
6 (8.3%)
|
4 (5.5%)
|
8 (11.1%)
|
30(40%)
|
|
Director Int
|
1(1.3%)
|
|
|
|
|
2 (2.7%)
|
|
Adjunta ped
|
|
|
|
1(1.3%)
|
|
|
|
Total
|
9 (12.5%)
|
15 (20.8%)
|
16 (22.2%)
|
13 (18%)
|
19(26.3%)
|
72 (100%)
|
Fonte: autor do trabalho
Conforme os resultados apresentados na tabela
8, observamos que há uma grande discrepância entre as respostas dadas pelos
professores e as famílias. Dos 72 (100%) envolvidos, 19 (26.3%) mostram que as
famílias não sabem como participar da gestão da escola. Nesta resposta, o
número dos professore que confirmou isso é maior em relação ao das famílias. Na
mesma pergunta, 16 (22,2%), resultado das opiniões de 6 (8.3%) famílias e 10
(13.8%) professores, acham que a razão da não participação em reuniões é falta
de tempo ou disponibilidade. Neste aspecto vimos que há uma divergência
significativa de opinião entre os envolvidos. Na mesma ordem de ideias, 8 (11.1%)
professores, 4 (5.5%) famílias e o adjunto pedagógico (1.3%), totalizando13
(18%) informantes, indicam que existe um desinteresse da parte das famílias
pela vida escolar dos filhos.
Quanto às respostas relacionadas ao horário de
funcionamento da escola, 9 (12.5%) famílias mostram que esta é a razão
principal que impede as famílias a participar das reuniões da escola, e 6 (8.3%)
professores têm a mesma opinião. Um outro elemento que os informantes
sublinharam é a falta da tradição na participação da gestão da escola. Trata-se
de uma opinião revelada por 9 (12.5%) informantes, dos quais, 5 (7%)
professores, 3 (4.1%) famílias e o director interino (1.3%). Assim, em relação
aos motivos que dificultam a contribuição da família na gestão da
escola, vimos que muitos inquiridos mostram que o horário
das reuniões não é produto do consenso família-escola. Isto significa que a
escola não tem em conta os horários das famílias, e as famílias, além de serem educadoras e
membros efectivos da comunidade escolar, têm tarefas extra-escolares, isto é,
desempenham outras tarefas na sociedade, como pais de famílias, profissionais,
empregados, etc, não sendo, por isso, aconselhável que as submeta a tempo
inteiro no programa da escola. Aliás, deve perceber-se que a escola é um braço
das famílias e não o contrário.
A escola, de forma geral, organiza as reuniões
dependendo do seu critério. Neste aspecto, Barbosa apud
Lima (1998:75) observa
que “os
horários destinados às reuniões de tomada de decisão são estabelecidos em
função da disponibilidade dos grupos privilegiados ou daqueles com maior
poder”. Por outras palavras, o que é importante não é a disponibilidade das
famílias, mas sim, daqueles que têm poder de decisão, que são, o director e a
sua comitiva. Deste modo, a presença das famílias ou a sua ausência não muda em
nada sobre a decisão a tomar, o que não acontece no caso contrário. A família
não tem poder de decisão na escola na ausência do gestor.
Uma escola aberta deve adaptar os horários das
reuniões tendo em conta o tempo disponível das famílias. Para isso, precisa de
uma planificação dos horários em conjunto para a colaboração e combinação de tempos
disponíveis e favoráveis para ambas as partes.
Numa outra perspectiva, podemos considerar que
nem sempre a culpa recai à escola que não planifica as reuniões tendo em conta o
tempo disponível das famílias. Acontece também que muitas famílias não se
preocupam, mesmo tendo o tempo disponível, a associar-se ao programa da escola.
Por isso, Stern (2007:116) observa que “as dificuldades dos
pais em participar da vida da escola podem ser o resultado de suas próprias
experiências negativas com as escolas em que estudaram ou nas quais seus filhos
estudam”. Deste modo, a questão de horários que as famílias defendem como sendo
motivo da sua não-participação nas reuniões não tem muita relevância, dado que,
as mesmas famílias que não têm tempo para reuniões, quando há situação que envolve o seu filho de forma
particular, apresentam-se na escola. Assim, a questão do horário é uma questão
a considerar com reserva. Talvez apontar naquilo que Stern observou, isto é,
relacionar a sua falta de tempo com as experiências anteriormente vividas.
Um
outro grupo dos inquiridos mostra que não sabem como intervir nos assuntos que
se trata nas reuniões. Na nossa visão, embora o argumento “não sabe intervir”
seja válido para os que a defendam, para nós, achamos que este argumento não
tem sentido dado que os assuntos que se tratam nas reuniões constituem o que se
vive no nosso dia-a-dia. Nas reuniões, não se tratam assuntos tipicamente científicos,
a não ser que haja assuntos especiais que necessitam da presença dos peritos em
determinada matéria. Assim, a questão não é de não saber como fazer, mas sim, é
a falta de vontade. No entanto, pode acontecer que uma família tenha um
complexo de inferioridade, sobretudo na área da formação escolar/académica, ou
seja, tímido de natureza. Neste caso, pode ter receio de ficar ao lado daqueles
que têm uma base académica.
Uma
professora de profissão, Raquel, faz-nos ver que a dificuldade do pai para vir
à escola (nas reuniões, etc.) é o excesso de trabalho e a falta de clareza
sobre aquilo que ele vai fazer, como ele pode contribuir (RAQUEL apud PARO,
2011:202). Talvez nos associemos àqueles que defendem que não têm tradição de
participar nas reuniões ou intervir na vida escolar dos filhos. Esta posição
justifica-se, porque há muitos anos, a escola foi considerada como propriedade
dos professores e ninguém mais podia se envolver nela. Assim, as famílias
deixavam toda a responsabilidade às escolas e só esperavam o produto final. Mas,
hoje em dia, a moeda já mudou a face: são todos que devem se envolver na
educação das crianças. A autora afirma ainda que a escola tem que ser
suficientemente aberta e clara com os pais para que eles saibam que podem fazer
críticas e dar sugestões à vontade, sem que isto traga consequências nefastas (Ibidem).
Assim, a responsabilidade é da escola. Ela deve conscientizar as famílias a
estar sempre presente na escola quando houver reuniões ou outros encontros
organizados como forma de contribuir na gestão da escola.
4.3. Categoria – “Importância/vantagens da
contribuição da família na gestão da escola”
Nesta
categoria queríamos saber se a contribuição da família na gestão da escola é
sempre positiva. Nas
respostas dadas, os informantes não deixaram de referir o quão importante é a
contribuição da família na gestão da escola, embora um ou outro inquirido tenha
uma visão negativa sobre o aspecto.
Dos 72 (100%) informantes, 67 (93%) inquiridos
opinaram que a contribuição da família é sempre positiva. Dos 5 que responderam
negativamente, 2 disseram que confiar nas famílias é dar espaço para elas
ingerirem-se na vida da escola onde não têm conhecimento de como funcionam as
coisas. 2 outros mostraram que, se as famílias trabalharem na escola, qual será
o trabalho da escola? A escola deve fazer o seu trabalho e a família fica com o
seu trabalho, e que, a presença da família na escola sempre cria problemas; e
um mostrou que as famílias podem fazer a sua contribuição de longe para evitar
confrontos que sempre existiram entre as duas entidades quando trabalham juntas,
sobretudo, quando a família quer ingerir-se na gestão financeira da escola. Na
mesma ordem de ideias, Paro (2011: 213) diz que “uma outra questão importante a
considerar é o risco que se corre de os pais ou familiares, ao pretenderem
ajudar na escola, acabarem atrapalhando o trabalho do professor, por lhes
faltar conhecimento pedagógico”. Este autor quer mostrar que existem áreas em
que só os professores têm direito e que as famílias não têm direito. Isso
significa que as famílias não podiam se envolver na gestão da escola porque é
uma área reservada.
Abordando
o assunto na mesma perspectiva, Matos (1994) observou que,
alguns
docentes desconfiam das vantagens da participação das famílias na vida escolar;
outros professores temem que a participação das famílias dificulte o
funcionamento das escolas e ameace o seu estatuto profissional, obrigando-os a
exercer funções adicionais; muitos docentes receiam que o envolvimento dos pais
lhes tire poder e seja uma forma de controlo e fiscalização.
Em suma, para os 5 referenciados, a
contribuição da família na escola nem sempre é positiva, dados os perigos que
podem surgir neste processo de contribuição.
Quanto às opiniões dos inquiridos com visão
positiva da contribuição da família, vejamos a tabela a seguir.
Tabela 9. Importância/vantagens da
contribuição da família na gestão da escola
|
Qual é a importância ou vantagens encontram na
contribuição da família na gestão da escola?
|
||||||
|
Envolvido
|
Favorece o desempenho/sucesso escolar dos
alunos
|
Melhora a relação entre família e escola
|
Facilita o processo de tomada de decisões
|
Ajuda as famílias a conhecer a realidade
escolar
|
Ajuda a família a ter consciência dos seus
deveres
|
Total
|
|
Professores
|
14 (19.4%)
|
8(11.1%)
|
9(12.5%)
|
6(8.3%)
|
3(4.1%)
|
40(55.5%)
|
|
Famílias
|
11(15.2%)
|
7(9.7%)
|
3(4.1%)
|
3(4.1%)
|
6(8.3%)
|
30(41.6%)
|
|
Director Int
|
|
1(1.3%)
|
|
|
|
1(1.3%)
|
|
Adjunto P.
|
|
|
|
|
1(1.3%)
|
1(1.3%)
|
|
Total
|
25(34.7%)
|
16(22.2%)
|
12(16.6%)
|
9(12.5%)
|
10(13.8%)
|
72(100%)
|
Fonte: autor do trabalho
Os dados recolhidos indicam que, 25 (34.7%)
informantes, resultado das opiniões de 14 (19.4%) professores e 11 (15.2%)
famílias, defendem que a contribuição da família na gestão da escola favorece o
desempenho escolar dos alunos, ou seja, incentiva os alunos a dedicar-se muito
nos estudos; 8(11.1%) professores, 7 (9.7%) famílias e o director interino
(1.3%), totalizando 16 (22.2%) informantes, revelam que a contribuição da
família melhora a relação entre família e escola; 9 (12.5%) professores e 3 (4.1%)
famílias, totalizando 12 (16.6%) informantes, mostram que as famílias, na
gestão, facilitam o processo de tomada de decisões; 9 (12.5%) informantes,
resultado das opiniões de 6 (8.3%) professores e 3 (4.1%) famílias, dizem que
ajudam às famílias a conhecer a realidade escolar; e 10 (13.8%) inquiridos, dos
quais 3 (4.1%) professores, 6 (8.3%) famílias e o adjunto pedagógico (1.3%) advogam
que as famílias na gestão da escola ajudam as famílias a ter consciência dos
seus deveres parentais.
Os dados, de facto, indicam que a contribuição
ou participação da família na gestão da escola é sempre importante.
Segundo os inquiridos, esta participação
favorece o desempenho da parte dos alunos e professores, ou seja, esta contribuição
é considerada como incentivo ou motivação que impele os alunos a aumentarem
ainda mais a sua dedicação ao trabalho escolar. A contribuição das famílias
melhora a relação entre escola e família. Isto significa que, entre famílias e
escola, cria-se um clima de amizade, de confiança e de responsabilidade
partilhada; já não serão duas entidades a trabalhar de forma separada, mas sim,
duas que unem esforços para alcançar os mesmos objectivos.
Na mesma perspectiva, vimos que a contribuição
da família na gestão da escola melhora a maneira de proceder em termos de
tomada de decisões. Neste aspecto, Montandon &
Perrenoud (2001: 24) advogam que a contribuição da família proporciona
vantagens, pois pode melhorar a qualidade das decisões, permitir a troca e
partilha de informações, para além de a confrontação aumentar a coordenação, a
eficácia das decisões e a qualidade dos serviços. Deste modo, aceitar gerir a escola junto com
as famílias é admitir que elas fazem parte na tomada de decisões. Assim, a
tomada de decisões feita após análise da situação junto com as famílias culmina
numa boa decisão, onde todos são implicados e assumem as consequências
resultantes da decisão. Em outros termos, uma decisão tomada em conjunto tem
peso maior do que a tomada pela escola sozinha. Por isso, a escola precisa
abrir e trazer para dentro dela os vários intervenientes do processo educativo
para que os interesses comuns sejam partilhados de uma forma interativa (FORMOZINHO
apud IBRAIMO & MACHADO, 2014:2).
A contribuição da família ajuda também a mesma
a conhecer a realidade escolar. Para conhecer a realidade da escola precisa que
a pessoa esteja dentro, ou por outra, conviver, partilhar e empenhar algumas
funções nela. Assim, contribuindo com ideias, opiniões, etc. ajuda a família a
conhecer ainda mais a realidade da escola. É desta forma que a família pode recuperar
os seus direitos fundamentais como família.
De
acordo com Marques (2001), o envolvimento dos pais também aumenta a motivação
dos alunos pelo estudo, ajuda a que os pais compreendam melhor o esforço dos
professores, melhora a imagem social da escola, reforça o prestígio
profissional dos professores. Afastar-se
da gestão da escola, seria para a família, desconhecer os seus deveres e
direitos. Assim, as famílias terão que ter consciência da sua responsabilidade
e dever de se envolver na gestão da escola. Olhando para os valores, tais como
apresentados na tabela, podemos afirmar que são as famílias que dão grande
importância à sua contribuição na gestão, mostrando que esta contribuição
favorece o sucesso escolar e melhora também as relações com a escola. Isso quer
dizer que só quando as relações são melhores é que os alunos podem ter um bom
aproveitamento escolar.
4.4.
Categoria – “Estratégia para incentivar a família a contribuir na gestão da
escola”
A
contribuição da família na gestão da escola é importante, mas, nem sempre se materializa.
A tabela 10, em análise neste trabalho, faz referência a estratégias que os
informantes acharam importantes para incentivar as famílias a contribuírem na
gestão da escola.
Tabela
10. Estratégia para incentivar a família a contribuir na gestão da escola
|
Que estratégia
considera importantes para incentivar a contribuição da família na gestão da escola?
|
|||||
|
|
Professores
|
Famílias
|
Director Int.
|
Adjunto P.
|
Total
|
|
Envolver as
famílias na tomada de decisões
|
3 (4.1%)
|
2 (2.7%)
|
|
|
5(6.9%)
|
|
Confiar as famílias
tarefas ou responsabilidade
|
10 (13.8%)
|
11(15.2%)
|
|
1(1.3%)
|
22 (30.5%)
|
|
Promover
formação e capacitação das famílias
|
16(22.2%)
|
11(15.2%)
|
1(1.3%)
|
|
28 (38.8%)
|
|
Promover o
diálogo
|
2(2.7%)
|
1(1.3%)
|
|
|
3(4.1%)
|
|
Participar na
elaboração do projecto educativo
|
6(8.3%)
|
4(5.5%)
|
|
|
10(13.8%)
|
|
Tomar parte nos
órgãos da gestão da escola
|
3(4.1%)
|
1(1.3%)
|
|
|
4(5.5%)
|
|
Total
|
40(55.5%)
|
30(41.6%)
|
1(1.3%)
|
1(1.3%)
|
72(100%)
|
Fonte: autor do
trabalho
Os
dados fornecidos pelos informantes apresentam uma hierarquia das prioridades em
estratégias. 28 (38.8%) informantes, resultado das ideias de 16 (22.2%)
professores, 11 (15.2%) famílias e o adjunto pedagógico (1.3%), consideram que
uma boa estratégia seria a formação/educação e capacitação das famílias. 22
(30.5%) informantes, resultado das afirmações de 10 (13.8%) professores, 11
(15.2%) famílias e do director interino (1.3%) da escola, acham que uma boa
estratégia seria confiar às famílias tarefas ou responsabilidade na escola;
10(13.8%) informantes, resultado dos pensamentos de 6 (8.3%) professores e 4
(5.5%) famílias, mostram que seria melhor incluir as famílias na elaboração do
projecto educativo; 3 (4.1%) professores e 2 (2.7%) famílias, totalizando 5 (6.9%)
informantes, confirmam que envolver as famílias na tomada de decisões é uma boa
estratégia para incentivar as famílias a dar a sua contribuição na gestão da
escola. 4(5.5%) informantes, resultado das opiniões de 3 (4.1%) professores e
uma (1.3%) família, garantem que o melhor seria conceder às famílias alguns
assentos nos órgãos da escola; e por fim, 3 (4.1%) inquiridos, entre os quais
temos 2 (2.7%) professores e uma (1.3%) família, dizem que promover o diálogo
transparente entre a família e escola seria uma boa estratégia.
Como
constatamos, os agentes da educação deram as suas opiniões acerca das
estratégias para atrair as famílias a participar na gestão da escola. De facto,
precisa da esperteza dos gestores da escola pensar sobre o que fazer para que
as famílias se envolvam muito na gestão. O que é interessante é que, os
resultados fornecidos ao longo da pesquisa mostraram que muitas famílias
reconhecem que não sabem como se envolver na gestão da escola. Por esta razão,
vimos que nas opiniões sobre as estratégias, quase a metade dos professores e a
metade das famílias questionadas, propõem que haja a educação ou capacitação
para famílias de modo a adquirir experiência em matéria de envolvimento na
gestão da escola.
A
formação ou capacitação das famílias deve ter como principais objectivos
estimular a participação das famílias no processo de ensino e aprendizagem,
informar e orientar sobre o desenvolvimento intelectual e social das crianças,
tentar reabilitar famílias com problemas e fomentar a aprendizagem (LIMA,
2002:125).
Contudo,
esta formação não pode ser limitada às famílias apenas, mas sim, a toda a comunidade
escolar: famílias, professores e gestores precisam de formação ou capacitação.
Um
outro elemento tem a ver com as tarefas a confiar às famílias. Uma vez
responsabilizar nalgumas tarefas a famílias, achamos que elas poderão prestar
serviço com dedicação. Na mesma ordem de ideais, Rocha mostra que a participação dos pais na vida da escola é um
exercício de democracia, pois, ao atribuir-lhes uma quota-parte de
responsabilidade na gestão escolar, contribuem para a renovação do espaço
público da educação (ROCHA, 2005:142 ). Nestas tarefas, as
famílias irão entrar em contacto com a realidade da escola e assim, poderão bem
ajudar, seja com os seus conselhos, seja com as suas opiniões. Portanto,
responsabilizar as famílias nas tarefas seria uma boa estratégia. Um outro
aspecto a considerar é que as famílias, tal como os professores, não se
preocuparam muito com a sua participação nos órgãos da escola, nem na promoção
do diálogo entre os pares. Isto significa que, o que é prioritário não é ser
membro integrante dos conselhos, mas, sim, saber o que fazer nesse conselho. É
a razão da formação das famílias.
Outras
estratégias de aproximação da família na gestão da escola podem ser úteis.
Assim, como cada família tem a sua realidade e cada
escola vive a realidade em que está inserida, caberá a escola pensar no tipo de
estratégia a usar para aproximar a todas as famílias a contribuírem na gestão
da escola. Nesta perspectiva, vários estudos confirmaram que a iniciativa de
aproximar as famílias na escola incumbe à escola por esta ter os modos para o
fazer. No entanto, a escola pode ter a vontade de aproximar às famílias, mas se
estas não tiverem vontade de responder, fica, a aproximação, sem efeito. Por
isso, precisa mesmo da vontade de ambos os lados.
Epstein apud López (2002:96) mostra que, “se
pretendemos que as famílias se envolvam na vida escolar, então, as escolas
devem desenvolver estratégias para comunicar efectivamente com as famílias,
condição necessária para qualquer programa de envolvimento parental”.
Para o autor, o envolvimento das famílias na
gestão da escola exige da parte da escola a promoção das práticas ou atitudes
que incentivem as famílias a se aproximarem da escola. Estas atitudes consistem
no desenvolvimento das estratégias comunicativas para possibilitar as
interacções entre elas. Assim, a comunicação é considerada como chave de todas
as interacções. Só desta forma é que as famílias, junto com a escola, podem
trabalhar.
Na opinião de Seeley, as visitas domiciliárias
constituem uma forma prometedora de promover a colaboração e estabelecer
parcerias duradouras entre a escola e a família (SEELEY apud REIS, 2008: 75).
Seeley é da opinião que as visitas das famílias podem resolver o problema da
contribuição da família na gestão escolar e reforçar os laços de parcerias. A
ideia é relevante, mas, o autor não fala do tipo de escola que esta estratégia
pode ser aplicada, e quem deverá disponibilizar-se em fazê-lo. Achamos que
seria preferível organizar visitas, mas, tendo em conta a realidade que se vive
nas escolas (existem escolas que têm mais de 3000 alunos). Nestas condições, a
estratégia de visitas às famílias será de difícil implementação. Talvez criar
algumas comissões de visitas que incluam as próprias famílias e coordenadas
pelas equipes escolares. Esta poderá ser uma saída para este tipo de visitas.
O
capítulo consagrado à apresentação, análise e interpretação dos dados
forneceu-nos elementos que abriram a nossa visão sobre a contribuição da
família na gestão da escola. A família tem direito e dever de contribuir na
gestão da escola para acompanhar o desenvolvimento escolar dos mesmos. Tendo em
conta as suas tarefas sociais, as famílias não podem permanecer a tempo pleno
na escola, porém, devem dar a sua contribuição na gestão da escola a tempo
plena. Isto significa que as famílias devem contribuir na gestão da escola
através do conselho da escola, do conselho da turma, do conselho pedagógico, das
organizações dos pais e/ou encarregados da educação, e outros conselhos ou associações
que necessitam da sua presença. Portanto, a não contribuição das famílias na
gestão da escola implica o insucesso do processo de ensino e aprendizagem. A
contribuição das famílias pode ser feita de várias maneiras. Por isso, as
modalidades de contribuição são várias para permitir que todas as famílias se
envolvam na gestão da escola e contribuam de forma eficaz para maximizar o
rendimento escolar dos seus filhos.
CONCLUSÃO
Ao
termo deste trabalho, é-nos permitido dizer que a contribuição da família na
gestão da escola não é, para nós, um tema ou um capítulo ultrapassado e
fechado. Trata-se de um tema actual e aberto para novas perspectivas, uma vez
que a educação é um assunto de interesse comunitário. Na redacção deste
trabalho, tivemos a consciência de que a temática da gestão escolar é exposta a
várias interpretações, se consideramos o tipo de gestão escolar dominante nas
instituições escolares. No entanto, foi para nós um desafio fazer uma reflexão
sobre o tema.
O
nosso trabalho tinha como objectivo principal, analisar os modos e as formas da
contribuição da família na gestão da escola. Na base dos resultados obtidos na
investigação e na análise feita, podemos concluir de maneira geral que a família
contribui de forma reservada na gestão da escola dado que notou-se um
desinteresse no modo de acompanhar a vida escolar dos filhos. A sua
contribuição ou participação é parcial, irregular e esporádica. Nisso
associamos um desequilíbrio aparente da família nos órgãos de gestão escolar.
Em outras palavras, existe uma diferença significativa entre a escola e a família,
quanto à sua contribuição nos órgãos da gestão presentes na escola. Assim
podemos traduzir a contribuição da família na gestão da escola como uma simples
formalidade, dado que as decisões que de lá saem dependem da maioria, que é o
sector docente e os gestores da instituição.
Apesar
da pesquisa mostrar que a família deveria contribuir de diversas formas na
gestão da escola, constatamos que não há concordância entre família e escola
nos assuntos relacionados com a gestão de fundos, a tomada de decisões e órgãos
de gestão. Constatamos também que há uma divergência quanto às áreas de
actuação. As áreas onde as famílias preferem contribuir com prioridade não
correspondem àquelas em que a escola quer que as famílias dêem a sua
contribuição. Portanto, tendo em conta as referências legais citadas ao longo
do trabalho, vimos que as famílias, como responsáveis naturais e legais dos
filhos e da sua educação, têm direito e dever de contribuir na gestão da escola
para acompanhar o desenvolvimento escolar dos mesmos. No entanto, notamos que
há áreas importantes da gestão da escola onde a família não tem representação. Assim,
a nossa opinião é que, mesmo que existam outras áreas da gestão que não tenham
o suporte legal da contribuição da família, parece-nos que é importante que ao
nível da escola se pense em criar este espaço.
O
estudo mostra que a contribuição da família na gestão da escola pode ser feita
de várias maneiras conforme as capacidades e disponibilidade de cada um e dos
espaços que a escola oferece. Por isso, as modalidades de contribuição são
várias para permitir que todas as famílias se envolvam na gestão da escola e
contribuam de forma eficaz para maximizar o rendimento escolar dos seus filhos.
Com estas conclusões, achamos que a pergunta inicial da pesquisa encontrou a
sua resposta e os objectivos previstos foram alcançados.
A
contribuição da família na gestão da escola é uma necessidade e, por isso, é
importante e urgente para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Cientes do seu papel, as famílias manifestaram,
através das respostas ao inquérito, a sua vontade de assumir esta
responsabilidade. No entanto, de forma concreta, esta contribuição parece estar
aquém do que se pensa, apesar das
teorias explanadas na revisão da literatura mostrarem esta importância.
As
famílias mostraram a sua boa vontade de dar a sua contribuição em todos os
órgãos da escola, como forma de acompanhar todo o desenrolar do processo
educativo. No entanto, na base de resultados obtidos, notamos que há famílias
que ainda se encontram na impossibilidade ou incapazes de contribuir na gestão
escolar por motivos de indisponibilidade, de pouca tradição e dos horários de
trabalho que não facilita. Estes motivos levaram-nos a concluir que há uma
crescente demissão das responsabilidades da família e a delegação dos seus
deveres à escola, ou seja, a escola continua
a assumir as tarefas que tradicionalmente pertencem à família.
A
contribuição da família na gestão da escola é indirecta, porque as famílias são
representadas por um grupo que faz parte de alguns órgãos de gestão. No
entanto, constatamos que, apesar de a família ser representada em alguns órgãos
de tomada de decisão, a sua contribuição não é total, dado que a sua representação
é fraca nestes órgãos da gestão da escola.
Consideramos
que a escola devia ser um espaço aberto à família e onde todos os agentes
educativos deviam trabalhar juntos para a construção dum projecto em comum, que
é a educação dos educandos. A escola e a família, portanto, são dois ambientes
fundamentais que garantem a cultura, a educação e os valores para a vida futura
da criança. Para tal, é preciso que haja um trabalho conjunto, e que a família,
de forma particular, contribua na gestão da escola para potencializar o
processo educativo. Portanto, é necessário que todos os intervenientes deste
processo educativo proporcionem condições aos educandos para que estes tenham
um percurso educativo sucedido. Assim, a família deverá ser considerada como
membro efectivo da escola, tomando parte nas decisão, pois, contribuindo na
gestão da escola, é uma garantia para a qualidade das decisões, a eficiência
dos serviços, e para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Vimos
que a família é o protagonista da educação, e que o seu papel e a sua
responsabilidade são insubstituíveis. Sendo assim, é através da sua
contribuição nos conselhos da escola e na associação dos pais e encarregados de
educação que poderá dar o seu contributo e ajudar a escola a alcançar os seus
objectivos.
Esperamos
que o presente trabalho não só contribua para o enriquecimento das teorias
sobre a gestão da escola ou na prática colectiva da gestão da escola, mas
também que ajude as escolas, no âmbito da gestão democrática, com a
contribuição da família nesta gestão, considerando os aspectos de igualdade
entre escola e família na tomada de decisões.
Achamos
que a nossa pesquisa tem um impacto directo e significativo sobre a realidade
do quotidiano escolar, na medida em que, não pode existir uma gestão
democrática da escola que não seja aberta à família e que não tenha a sua
contribuição. O trabalho mostra de forma concreta como é que a escola, no
âmbito democrático, deve funcionar e como deve incentivar a família a
contribuir na gestão. O trabalho tem também um impacto positivo sobre a vida
dos agentes educativos, nos alunos, assim como na sociedade em geral, porque
cada parte descobre o seu papel, as suas responsabilidades e a sua importância nesta nobre missão de educar.
Em
última análise, consideramos que este trabalho pode ajudar a escola a olhar com
objectividade a contribuição da família, afastando, desta forma, as antigas
práticas que se limitavam a transmitir conhecimento aos educandos sem associar
a sua família.
Optar
pela política da gestão participativa é aceitar que haja sucesso no processo de
ensino e aprendizagem. A gestão participativa estimula todos a se envolverem
nas actividades da escola e, entretanto, diminua a possibilidade de conflitos
entre escola e família. Nesta forma de trabalhar, os integrantes consideram-se
membros da comunidade escolar e responsável pela educação dos filhos, e cria
também o espírito de equipa entre os membros das duas entidades. Portanto, a
contribuição da família na gestão da escola é um modelo de gestão favorável
para nossa sociedade.
Admitimos
que, além de ter a vontade de contribuir na gestão escolar, a família precisa
de uma formação permanente para conhecer os seus direitos e deveres como
representante dos educandos. Assim, considerando a preocupação da família e o
seu desejo de contribuir na gestão da escola, vimos a necessidade da formação
através da “escola de pais” ou “escola de famílias”, como forma de dar
satisfação à sua preocupação e habilitar todas as famílias a contribuírem na
gestão escolar.
Proposta
de acção para dinamizar a contribuição da família na gestão da escola
- A
criação da “escola de famílias” ou “escola de pais”
Tendo
em conta as constatações feitas e a necessidade que se faz sentir na EPC 1º de
Maio, e, cientes de que a realidade da EPC 1º de Maio pode ser idêntica a
outras escolas, propomos a existência duma “escola de famílias” ou “escola de
pais”, uma estratégia já iniciada por Prado, como forma de capacitar a família
a contribuir na gestão da escola. Esta escola será um espaço onde as famílias e
educadores podem fazer a actualização da situação da escola e a reciclagem de
conhecimentos que se pretendem para colaborar com os pais na tarefa educativa (PRADO
apud REIS, 2008:78) .
A
criação de uma “escola de famílias” ou “escola de pais” deverá ser organizada
tendo em conta a disponibilidade e o tempo que as famílias têm, de modo que um
grande número de famílias participe nos encontros que serão organizados pela
comissão da escola de famílias.
A
“escola de famílias” ou “escola de pais” consistirá em organizar sessões de
palestras de formação com vários temas para despertar a atenção das famílias em
aspectos relacionados com a responsabilidade da família na educação dos filhos,
sobretudo da gestão partilhada da instituição escolar, da gestão do espaço, do
acompanhamento dos filhos em casa, do comportamento, do abandono escolar, da
relação família-escola, da saúde e alimentação infantil, etc.
As
sessões poderão ser organizadas mensal ou trimestralmente, isto é, pelo menos
três vezes por ano no final de cada trimestre (1º, 2º, 3º) com temas bem
específicos. Os palestrantes serão escolhidos dentre os membros da comissão que
será constituída para esta tarefa. Assim, poderão ser os professores ou famílias
que serão escalados para a sessão.
Na
nossa perspectiva, achamos que a “escola de famílias” ou “de pais” seja aberta
a todos os agentes de educação, isto é, à comunidade, incluído os pais e/ou
encarregados da educação desta escola, e outras famílias cujas crianças estudam
noutros escolas, e também, os professores e todos os funcionários da escola
poderão participar. Portanto, esta escola deverá ser muito abrangente e aberta
para todos.
Acreditamos
que a criação de “escola de famílias” ou “escola de pais” tenha impactos
positivos sobre a gestão da escola, e que, a sua implementação ajude as
famílias a reencontrar o verdadeiro e justo significado de si próprio como
educadoras e pais, e leve as famílias a assumirem responsabilidade pela sua
paternidade. Como já fizemos referência, as famílias podem não contribuir na
gestão da escola por falta da informação. Com a criação da “escola de famílias”
ou “escola de pais” temos a certeza de que terão informação suficiente para
desempenhar o seu papel educador. Assim, irão assumir o seu direito e dever de
acompanhar a vida escolar dos filhos.
Propomos
também que a escola
2. Crie
condições de modo que as famílias estejam representadas em todos os órgãos
existentes na escola (Conselho da Escola, Conselho de Turma, Conselho Pedagógico)
e noutras comissões tais como a comissão de assuntos financeiros, a comissão de
planificação de actividades, a comissão para organização do currículo, etc.
3. Envolva
a família nas actividades desenvolvidas na escola e responsabilize-a com
algumas tarefas;
4. Diversifique
as modalidades de contribuição na gestão da escola, tendo em conta as
habilidades e/ou aptidões das famílias.
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APÊNDICES